segunda-feira, 4 de novembro de 2019

A BALADA DO PORTEIRO



via Marcia Denser

A BALADA DO PORTEIRO

Então, foi assim.

Em 14 de março de 2018, o porteiro do condomínio Vivendas da Barra, simplesmente, enlouqueceu. Decidiu, do nada, fazer anotações aleatórias num livro de registro da portaria para, pela ordem:

1) Inventar que um miliciano, Élcio Queiroz, prestes a assassinar Marielle Franco e Anderson Gomes, teria pedido para ir à casa 58;
2) Inventar que o dono da casa 58, Jair Bolsonaro, teria autorizado a entrada do miliciano;
3) Inventar que reparou, pelas câmeras de segurança, que o miliciano estava indo para a casa de outro miliciano;
4) Inventar que o dono da casa 58, avisado do desvio, teria dito que tudo bem, sabia para onde o carro estava indo: a casa 65, do sargento de milícias Ronnie Lessa, o outro assassino.

Tudo isso em 14 de março, horas antes do duplo assassinato, meses antes de Bolsonaro ser eleito presidente da República. Louco, o porteiro previu que, fazendo essas anotações e, mais tarde, as confirmando em depoimento à Polícia Civil do Rio de Janeiro, seria inevitável a queda do presidente.

Estranhamente, depôs já sabendo que, ao narrar esta história, estava mexendo com milicianos assassinos e com uma família intrinsicamente ligada às milícias, a partir do gabinete de Flávio Bolsonaro, na Assembleia Legislativa do Rio, quando deputado estadual.

Bolsonaro sabia, desde 9 de outubro, por uma inconfidência – criminosa, diga-se de passagem – do governador Wilson Witzel, do depoimento do porteiro e do encaminhamento ao Supremo Tribunal Federal.

Portanto, aquele teatro na madrugada saudita, aquela indignação apoplética, foi encenação pura. Uma cena pateticamente programada.

Além disso, ele, os filhos e a turma de milicianos ligada à família tiveram quase 20 dias para fazer e acontecer com os registros do condomínio e conseguir, da forma vergonhosa que conseguiram, que o Ministério Público decidisse, sem perícia e sem decência, que o porteiro estava mentindo.

Desculpem, só sendo idiota ou muito ingênuo para achar que um porteiro, em 14 de março do ano passado, iria anotar com precisão as placas de carro de um miliciano e, mais tarde, iria denunciá-lo à polícia para caluniar um presidente que ele nem sabia que seria candidato.

BILHETE A BAUDELAIRE


Segue um poema de Vinicius de Moraes ao poeta francês:


Poeta, um pouco à tua maneira
E para distrair o spleen
Que estou sentindo vir a mim
Em sua ronda costumeira

Folheando-te, reencontro a rara
Delícia de me deparar
Com tua sordidez preclara
No velha foto de Carjat

Que não revia desde o tempo
Em que te lia e te relia
A ti, a Verlaine, a Rimbaud...

Como passou depressa o tempo
Como mudou a poesia
Como teu rosto não mudou!


ERA TUDO INVENÇÃO DO LULA...



Por Diogo Costa

Em 2007 Lula e a Petrobras anunciaram a descoberta do pré-sal.

Em 2008 a Petrobras começou a extrair petróleo do pré-sal e o percentual de participação do petróleo do pré-sal, em relação ao total produzido pela empresa, fechou em 0,4% do total.

Em 2010, no final do governo Lula, a participação do petróleo do pré-sal era de 2% em relação ao total produzido pela Petrobras.

Em 2013, ano da licitação do mega Campo de Libra, o pré-sal já respondia por 14% do total produzido em Pindorama.

Em 2016 - ano do golpe - o pré-sal já respondia por 38% do total; neste ano de 2019 já representa 60% do total e em 2022 deve chegar a 70% do total produzido em todo o território nacional.

Ou seja, saímos do 0% para uma participação de 60% do petróleo do pré-sal em relação ao total produzido no Brasil; isso em apenas 11 anos!

Mas era tudo invenção do Lula, não é mesmo?

Quantas e quantas vezes não ouvimos e lemos que o pré-sal não era viável e que não passava de uma bravata do Lula?

Pois aí está o pré-sal, bombando cada vez mais e por isso mesmo sendo motivo de grande cobiça internacional.

Houve várias motivações para o golpe de 2016 e a subsequente interdição de Lula - o sucesso do pré-sal certamente foi um destes motivos.

A mudança - de regime de concessão para regime de partilha - na exploração do pré-sal, feita em 2010, também.


VISITA




Ferreira Gullar

no dia de
finados ele foi
ao cemitério
porque era o único
lugar do mundo onde
podia estar
perto do filho mas
diante daquele
bloco negro
de pedra
impenetrável
entendeu
que nunca mais
poderia alcançá-lo

Então
apanhou do chão um
pedaço amarrotado
de papel escreveu
eu te amo filho
pôs em cima do
mármore sob uma
flor
e saiu
soluçando


Monte Castelo




Ainda que eu falasse a língua dos homens
Que falasse a língua dos anjos
Sem amor, eu nada seria
É só o amor, é só o amor
Que conhece o que é verdade
O Amor é bom, não quer o mal
Não sente inveja ou se envaidece
O amor é o fogo que arde sem se ver
É ferida que dói e não se sente
É um contentamento descontente
É dor que desatina sem doer
Ainda que eu falasse a língua dos homens
Que falasse a língua dos anjos
Sem amor, eu nada seria.

(Renato Russo)

A una calavera de mujer




Esta cabeza, cuando viva, tuvo
sobre la arquitectura de estos huesos
carne y cabellos, por quien fueron presos
los ojos que mirándola detuvo.

Aquí la rosa de la boca estuvo,
marchita ya con tan helados besos;
aquí los ojos, de esmeralda impresos,
color que tantas almas entretuvo;

aquí la estimativa, en quien tenía
el principio de todo movimiento;
aquí de las potencias la armonía.

¡Oh hermosura mortal, cometa al viento!
¿En donde tanta presunción vivía
desprecian los gusanos aposento?

Lope de Vega

Biblioteca Digital Ciudad Seva

La situación económica en Rusia es establemente mala



Entrevistado :Vasili Koltashov 

El economista Vasili Koltashov (Novosibirsk, 1979) conoce de primera mano cómo es la situación real de la economía en Rusia. Koltashov es el director del Centro de Investigación Económica del Instituto de la Globalización y los Movimientos Sociales (IGSO) de Moscú y también forma parte del Laboratorio de Política Económica Internacional de la Universidad Plejánov de Economía. “La calidad de vida ha empeorado de manera sensible en Rusia”, advierte. Le entrevistó para la revista La Marea Àngel Ferrero, en Moscú.

En los medios occidentales leemos con frecuencia artículos que hablan de una crisis económica inminente en Rusia, pero ésta parece no llegar. El gobierno ruso, por su parte, tiende a destacar los aspectos positivos. ¿Cuál es el estado actual real de la economía rusa?

La situación es establemente mala. El año 2016 fue relativamente estable: los salarios no cayeron, pero tampoco subieron y, para la gente que buscaba trabajo, fue difícil encontrar uno. En 2015 el salario medio en rublos se redujo de manera considerable: en algunas regiones hemos visto una caída hasta los 27.000 y 20.000 rublos al mes (415-300 euros), en otras hasta los 25.000 (384 euros), 15.000 (230 euros) e incluso los 13.000 rublos  (200 euros) al mes. La calidad de vida ha empeorado de manera sensible. En 2014 y 2015, es decir, en dos años consecutivos, el rublo se ha depreciado.

¿Qué impacto han tenido las sanciones económicas de la Unión Europea y EEUU?

Prácticamente ninguna, en mi opinión. Llueve sobre mojado. Es la segunda onda de la crisis lo que realmente afecta a la economía rusa. No hay sanciones contra Brasil, por ejemplo, y sin embargo su situación es similar a la de Rusia.

¿Está funcionando el programa de sustitución de importaciones del gobierno ruso? 

Muy poco. Incluso en la agricultura, donde hay muchas posibilidades de éxito, sus resultados distan de ser positivos. Se dice que ha aumentado la cosecha de trigo y verduras, pero nadie sabe dónde están porque no hay almacenes adecuados para almacenar la cantidad de alimentos que se declara haber producido. En agricultura se han registrado algunos éxitos en el programa de sustitución de alimentos. En el sector industrial encontramos algunos ejemplos de sustitución de bienes de consumo, pero es un efecto que sólo se debe a la depreciación del rublo. La economía rusa sigue siendo débil como para sustituir todos los bienes que importa.

Otro de los lugares comunes sobre la economía de Rusia es su dependencia de los hidrocarburos. ¿Hasta qué punto es cierto?

La dependencia es enorme. No sólo del petróleo y el gas, sino de la exportación de metales, fertilizantes químicos y otras materias primas. La dependencia sería menor si el mercado interno estuviese más desarrollado, pero la política anticrisis consiste en reducir el poder adquisitivo de los consumidores y recortar los programas sociales. Es una copia de las medidas económicas de la Unión Europea.

Pero en la Unión Europea estas medidas de austeridad no están funcionando…

¿Cómo que no funcionan? Claro que funcionan: son muy efectivas a la hora de llevar a la bancarrota  a la gente [ríe]. El rublo ha sufrido como consecuencia de esta dependencia del precio del petróleo, se ha debilitado directamente tras la caída de los precios de la energía y hay un temor crónico a que una crisis del petróleo arrastre su valor con ella. La elite tiene la ilusión mística de que si los precios del petróleo aumentan de nuevo todos los problemas se resolverán automáticamente. Pero eso, por supuesto, no es así. La crisis económica en Rusia tiene causas tanto internas como externas. Las causas externas son los cambios en los precios de las materias primas y en la demanda. En la economía doméstica es, sobre todo, el sobreendeudamiento de la población por las hipotecas y préstamos para el consumo. Estos créditos sirven para enmascarar los bajos salarios de la población, que han sido reducidos por las empresas. El gobierno y las empresas se han adaptado a las condiciones de crisis a través de la reduccción de los salarios. También los de los funcionarios: por ejemplo, los salarios de oficiales en las regiones eran de 35-40.000 rublos (615 euros aprox.) y ahora pueden llegar a cobrar 15.000 (230 euros). Esto crea una fuerte base para la crisis interna, ya que no hay programas para crear puestos de trabajo de calidad ni estimular los salarios.

En su último discurso a la nación, el presidente Putin pidió un presupuesto más estable y una economía cada vez más autónoma de la exportación de petróleo y gas. ¿Es posible a corto y medio plazo?

Es posible, pero no está ocurriendo. Si persisten en su política neoliberal, no será posible. El presidente no ha hablado de crear un complejo industrial como el que existía durante la Unión Soviética, ha hablado del procesamiento de las materias primas. No se tratará de vender las materias primas, sino de procesarlas primero en Rusia y ya se están construyendo factorías con ese propósito. Esto tiene que ver con el gas, el petróleo y los minerales. Hay grandes planes para construir estas factorías en Siberia. Pero esto no cambia en principio el motor de la economía, por lo que es insuficiente.

El complejo militar-industrial es conocido por ser otro de los pilares del país. ¿Cuál es el estado de este sector?

Su importancia es enorme. Su capacidad de exportación ha crecido considerablemente. Rusia ha conseguido adquirir la reputación de ser un país proveedor que no te invadirá si le compras y que te ofrecerá apoyo diplomático cuando sea necesario. Quienes compraron armas a EEUU, por ejemplo, no recibieron garantías de que algún día podrían ser invadidos. Sucedió, por ejemplo, en Libia: este país importó armas de Reino Unido. Una vez cumplieron con el último contrato, fueron invadidos. En cualquier caso, este sector necesita de un mayor orden: hay demasiada burocracia, una modernización limitada. El dinero del presupuesto para Defensa no sólo se destina de manera ineficiente, sino que también es robado.

China es uno de los países con los que Rusia mantiene una relación económica preferente. ¿Cómo cree que podría evolucionar esta relación?

Rusia se está convirtiendo en un proveedor de materias primas para China, y esta exportación se incrementará. La compleja situación económica en China no está siendo considerada en serio y creen que el crecimiento de la economía china permitirá mantener el ritmo de las exportaciones rusas.

Tanto en China como en Rusia hay mucha especulación con la posibilidad de desacoplarse del sistema dólar.

Pienso que la cuestión es más complicada que eso. El euro se ha depreciado en los últimos años, la libra esterlina también, ahora la pregunta es ¿qué divisa se depreciará antes, el dólar o el yuan? Ésa es la verdadera pregunta. Los debates sobre alejarse del sistema dólar son, por ahora, mera especulación. China busca apoyar la estabilidad del yuan porque si su moneda cae, la crisis en China se manifestará de manera más clara y se extenderá a Rusia, golpeando a su economía. Pero si el dólar baja, el yuan caerá con él. Por ahora el dólar se mantiene, mientras el yuan se deprecia gradualmente. De momento no hay signos de un alejamiento del dólar. Los chinos, en cualquier caso, buscan convertir el yuan en un sistema análogo al dólar. Veamos si ello ocurre. Yo, personalmente, no lo creo.

¿Cómo valora la Unión Económica Eurosiática? 

Está testimoniando una crisis profunda. Como diría un médico: el paciente está más muerto que vivo. El motivo es que Rusia ingresó en la OMC sin crear un mercado protegido en Euroasia. Esto hizo que Ucrania se decantase hacia la Unión Europea y facilitó la victoria de las fuerzas de Maidán.

¿Cuál es la situación económica de Ucrania?

Se ha deteriorado de manera considerable. A nivel doméstico, sólo el sector agrícola es relativamente estable. Podemos hablar de un proceso de desurbanización, no hay suficiente mano de obra en las ciudades. La industria ucraniana es ineficiente, su maquinaria es anticuada y, de hecho, la industria se está muriendo. En algunas partes con lentitud, en otras más rápidamente. El Acuerdo de Asociación con la Unión Europea es una completa catástrofe. Con todo, la crisis habría afectado a Ucrania de cualquier modo.

¿Se busca convertir a Ucrania en un proveedor de materias primas para la Unión Europea?

Sí, eso es lo que ocurre en este momento. La mayoría de la mano de obra, en cualquier caso, trata de emigrar a Rusia. Europa les ha cerrado las puertas.

¿Pero no estarían las empresas europeas interesadas en la mano de obra cualificada ucraniana, como ocurrió antes con la integración de otros países de Europa oriental?

Ya no es así. Incluso si ése era el plan en 2014, en este momento no tienen puestos de trabajo para ofrecer. El objetivo es que las corporaciones europeas controlen las riquezas de Ucrania. Puesto que Rusia desea debatir y negociar la retirada de las sanciones, esto crea las condiciones ideales para que la Unión Europea haga rehén a Ucrania en cualquier negociación. El objetivo de la oligarquía ucraniana era el Acuerdo de Asociación con la UE y, después, acceder como miembro de pleno derecho sin ceder su poder. Ahora mismo no tienen muchas oportunidades.

¿Ve tendencias aislacionistas o proteccionistas a nivel global?

Es probable que veamos en los próximos años una mayor desintegración de los bloques económicos neoliberales y la creación de grandes mercados continentales. El llamado “nacionalismo económico” sólo puede realizarse en grandes naciones con grandes mercados. Los grandes mercados requieren normativas y aranceles, que funcionan como protección contra los competidores. También de una diferente estrategia interna, consistente en un incremento de la demanda interna. La victoria de Trump en EEUU demuestra que una política así sólo será posible si hay una dura lucha política interna.

También se habla de guerras comerciales, especulación de divisas e inclusos nuevas burbujas.

Hay una batalla en curso entre las bolsas china y estadounidense. En Europa hay una burbuja financiera. El crédito barato, como la tasa del 0% del BCE, infla estas burbujas. También hay una burbuja industrial en China, creada después de que el país atrajese al capital especulador internacional con la emisión de bonos. Rusia tiene un sistema parecido. La caída de mercados de materias primas es inminente, al igual que la depreciación del dinero, en particular del euro. El debate sobre una nueva política económica ganará actualidad. La victoria de Donald Trump demuestra que ese debate es posible. Todos los demás están buscando soluciones externas a sus problemas e ignoran sus cuestiones internas, las causas de la crisis. La política de la UE es una expansión de su capital hacia el Este; la política de Rusia es mantener altos los precios de las materias primas y un alto nivel de exportación de las mismas a China; la política de China es encontrar inversiones extranjeras para mantener su burbuja industrial. Estas estrategias no ofrecen ninguna salida a la crisis. Ignoran a los consumidores, a la gente. Lo único que ofrecen son nuevos créditos, y eso no es ninguna solución.

Vasili Koltashov  (Novosibirsk, 1979) es el director del Centro de Investigación Económica del Instituto de la Globalización y los Movimientos Sociales (IGSO) de Moscú y también forma parte del Laboratorio de Política Económica Internacional de la Universidad Plejánov de Economía.

Fuente:http://www.lamarea.com/2017/01/15/la-situacion-economica-en-rusia-es-establemente-mala/