terça-feira, 10 de junho de 2014

Noites Brancas

"E, tremendo pela sua felicidade, cheia de angústia e de nostalgia, compreendia finalmente que também amava, que eu a amava, e então a sua alma sentiu piedade do meu próprio amor. Porque quando somos infelizes ficamos mais aptos a compreender o sofrimento alheio; a nossa sensibilidade, assim, não se degrada, mas, pelo contrário, condensa-se e acumula-se..."
Noites Brancas, Fiódor Dostoievski.


A economia brasileira

"Por maior que seja o apego dos homens às formas de vida nas quais se criaram e adquiriram seus padrões de comportamento, por mais intensas que sejam as tendências conservadoras em determinados tipos de sociedade, o processo de mudança cultural aparece por toda parte como a força criadora das civilizações. A transformação dos padrões culturais resulta do fato mesmo de que a cultura é uma coisa viva, em inter-relação permanente com o meio e com outras culturas. É de observação corrente, entretanto, que as mudanças culturais não se realizam com igual facilidade em todos os setores da atividade social. Existe, em toda cultura, uma área de atividade ou crenças onde se polarizam as atenções dos indivíduos, onde se entrechocam com maior frequência os pontos de vista, onde se observa uma diferenciação estrutural mais larga. Em torno dessa área se estabelece um processo de permanentes entre-choques pessoais, pois a mesma está aberta à curiosidade, ao interesse e à imaginação criadora dos indivíduos. Repetidas vezes se há observado que o campo de mais rápida mudança na sociedade moderna é o da técnica."


- Celso Furtado, em “A economia brasileira”. Rio de Janeiro: A Noite, 1954, p. 21.
http://www.elfikurten.com.br/2013/07/celso-furtado.html