domingo, 20 de fevereiro de 2011

Eco depois de um mês em 68

Nós cansamos do velho

da intrépida múmia

com mofo aromático

E desespero tétrico.

Mas nunca do clássico

Pois esse não envelhece

Ganha a voz com o vento

E no tempo permanece.

Nós cansamos do que se basta

O que se rende à casta

Temem o que vem e se temem

Nunca se olham nem se desentendem

Nunca se afirmam e nem surpreendem.

Nós inventamos o futuro

E engolimos o modernismo

Nós devoramos a vanguarda

E transcendemos o partidarismo

mas isso,

é só

porque nascemos depois

que nasceu o pluralismo.

Eunice Boreal – Cronópios

Dois

Dossiê

Eu sou uma mocinha. Mo-ci-nha. Adoro perfumes, cores, bebês e flores.

Mas me interessa igualmente o que me é diferente. O lado obscuro de tudo. Eu sou uma mocinha. Menina. Mas me atrai conhecer o avesso. Entendê-lo.

Por isso coleciono almas. Olho nos olhos, observo o entorno, busco desgasto derreto de cansaço. Vou até o fim.

Eu sou menina. Eu sou menino. Eu sou um espectro. Uma abelha. Uma agulha. Uma fagulha.

Uma história de dois lados.

Daniela Dias – Escritoras Suicidas