terça-feira, 31 de julho de 2018

POR QUE PRENDERAM LULA?


ERIC NEPOMUCENO




A última vez em que estive com o presidente Lula foi na sexta-feira, 16 de março, num ato em São Paulo. Três semanas depois ele foi preso.

Naquela sexta-feira foi lançado o livro A verdade prevalecerá, uma minuciosa e contundente entrevista feita a Lula pela editora da Boitempo, Ivana Jinkings, uma dupla luminosa de jornalistas, Juca Kfouri e Maria Inês Nassif, e o professor de relações internacionais Gilberto Maringoni.

A pedido da editora, escrevi um perfil de Lula para o livro, e por isso fui a São Paulo para o lançamento, no Sindicato dos Químicos, no bairro paulistano cujo nome não poderia ser mais apropriado: Liberdade.

Lula tinha se comprometido a autografar cem exemplares do livro quando o lançamento terminasse. Haveria um sorteio para escolher quem levaria o autógrafo.

Como não poderia deixar de ser, aquele não foi um lançamento convencional. Lula falou para um auditório abarrotado. Afiadíssimo, comoveu a plateia com um discurso contundente e emocionado.

Para os autógrafos foi reservada uma sala ampla, no segundo andar do Sindicato. Findo o ato, Lula tomou meu braço na saída do palco e disse: “vem comigo, depressa”. Passamos por um labirinto de corredores e escadas e chegamos ao tal salão.

Lula, então, pediu café, água e disse que precisava de quinze minutos para relaxar, enquanto fora da sala os cem sorteados eram organizados em fila indiana.

Quando fiz menção de sair para deixá-lo sossegado, me disse: “Não, não, você fica, quero apoio para essa questão de autógrafo.” Respondi, surpreso, que ele com certeza tinha dado autógrafos um milhão de vezes mais que eu. Rindo, Lula rebateu: “Em livros, não”.

Durante os tais minutos pudemos conversar a sós. Sabia eu, sabia ele, que a ordem de prisão viria logo. Perguntei o que faria: se apresentar na Polícia Federal, para evitar a imagem dele sendo preso, evidente sonho de consumo dos adversários? Esperar ser preso e dar a imagem de presente para a Globo?

Com o mesmo sorriso pícaro que eu havia visto muitas vezes ao longo dos anos, a resposta foi típica de Luiz Inácio Lula da Silva: “E se eu der a imagem de presente para mim?”

Três semanas depois, no sábado 7 de abril, quando faltavam treze minutos para as sete da noite e haviam se passado quase duas horas do ultimato disparado pela Polícia Federal, Lula – depois de dois dias dentro do Sindicado dos Metalúrgicos de São Paulo, em São Bernardo do Campo, cercado por milhares de apoiadores que impediam a entrada dos agentes federais – se entregou.

Antes, porém, negociou. Queria um ato religioso em memória de sua companheira Marisa Letícia.

Sabia, claro, que era uma oportunidade única de se despedir antes da prisão. Falou para umas vinte mil pessoas. A Globo não teve essa imagem. Aliás, nem chegou perto do Sindicato: apropriou-se da imagem pela TVT, a Televisão dos Trabalhadores.

Depois de ter retornado para dentro do Sindicato, Lula enfim apareceu para ser preso. Passou por um corredor de correligionários caminhando como sempre: de cabeça erguida.

A fotografia do ato de horas antes, quando ele tinha acabado de falar para a multidão, feita do alto por um jovem chamado Francisco Poner, de 18 anos, mostra Lula sendo carregado em ombros anônimos. O que se vê é uma figura apenas reconhecível flutuando num mar de gente. Essa imagem foi publicada e republicada mundo afora. Nas redes sociais, foi vista milhões de vezes. Ganhou a capa do jornal mexicano La Jornada e meia página do The New York Times, e apareceu em revistas, jornais e noticiários de televisão de dezenas de países.

Era a imagem que a Globo queria ter e não teve. A imagem que Lula quis e soube ter.

É por causa dessa intuição, essa sensibilidade, essa capacidade de traçar estratégias, de negociar, que, na presidência, Lua fez o que fez para mudar parte substancial deste país perverso, de mazelas e abandonos, de desigualdades de abismo.

É também por essa intuição, essa sensibilidade, por tudo isso, que ele foi preso.

Porque solto, Lula é um perigo para os tratam este país como feudo próprio. E uma esperança concreta e iluminada para os abandonados de sempre, que com ele viram que é possível alcançar uma outra realidade, que lhes foi negada ao longo dos tempos.

LULA LIVRE/LULA LIVRO - Palavras contra a farsa



Faz 54 anos que eventos ocorrendo em 31/04/1964 culminam em 1/04/1964 no Golpe (civil/empresarial-militar)que nos levou a uma ditadura, retirando do poder o presidente João Goulart. Repressão, autoritarismo, mortes, tortura, corrupção escondida, vigilância dos vizinhos, a desigualdade aumentou sim, vão ler... e só em 2011 tivemos a instalação da Comissão da Verdade.
É para lembrar.
É para entender que esconderam os efeitos nocivos desse período, que não se produziu vergonha coletiva pelas ações da ditadura, é para lembrar que se escondiam cadáveres, que censuravam informações, lembrar do AI 5 que cassou mandatos e acabou com garantias do habeas corpus... teve muita perseguição àqueles que pensavam diferente e que mostrou a mesquinharia das delações, muitas , muitas vezes não verdadeiras, mas agradavam a versão da SNI ( Serviço Nacional de Informações da Ditadura)...
Ditadura nunca mais!
A exemplo da Argentina era isso que deveríamos estar lembrando, tortura nunca mais, ditadura nunca mais, extermínio nunca mais...
Mas para um país que tem dificuldade de aceitar as consequências nefastas da escravidão até hoje, do genocídio indígena, imagina refletir sobre ditadura ...

Louise  Ronconi de Nazareno


A ignorância, a parvoíce, a falta de cultura de um Jair Bolsonaro, características de iletrados convictos, autoritários, apoiadores de torturadores e fascistas, devem ser explicadas sociologicamente. As origens sociais estão nas regiões de emigração da Itália, bases políticas do fascismo do pré-guerra, reforçadas no interior de São Paulo, em áreas pobres como Eldorado-Xiririca  e pouco elaboradas nas escolas e academias militares, todos locais sem o desenvolvimento e aperfeiçoamento das dimensões elevadas do espírito humano por conteúdos humanísticos, científicos, artísticos e culturais superiores. Bolsonaro é mais uma das lucrativas famílias políticas formadas pelo nepotismo estrutural do nosso sistema político. Autores italianos investigaram este fenômeno nas origens do fascismo: ["Durante o ano de 1921 e os primeiros meses de 1922, Gramsci manteve-se empenhado em produzir uma caracterização teórica e política do fascismo, definindo-o, afinal, como um movimento reacionário com forte enraizamento nos segmentos subalternos da sociedade italiana. Como se lê em um de seus artigos no L’Ordine Nuovo, de abril de 1921, o fascismo era um movimento político aderido aos costumes e identificado “com a psicologia bárbara e antissocial de alguns estratos do povo italiano ainda não modificados por uma nova tradição, pela escola [...]; basta recordar que a Itália tinha o primado em homicídios e assassinatos; que as mães educavam os filhos pequenos dando-lhes tamancadas na cabeça; [...] que em algumas regiões da Itália parecia natural [...] colocar uma focinheira nos vindimadores para que não comessem as uvas; que os proprietários trancavam seus empregados à chave para impedi-los de se reunirem ou de estudarem à noite”. A eficácia do fascismo derivava, pois, dessa aderência à ética social pre-dominante na Itália, arrastando demagogicamente até setores populares na sua voragem. E, numa evidente objetivação daquela dolorosíssima experiência, Gramsci denuncia a incapacidade dos dirigentes socialistas, mesmo os “revolucionários”, de se ligarem organicamente às massas e estancarem o avanço reacionário."] –
RCO
Ratinho Jr é parte de uma oligarquia por que “É oligarquia porque opera em rede familiar empresarial e política, com muito dinheiro, capitais e recursos de pai para filho, dentro da mídia, de partidos e do parlamento.”

P.S . A ciência investiga e conhece o real, o que já é extremamente difícil e complexo. Quem propõem a transformação é a práxis coletiva de mudança. Não seria apenas uma pequena vanguarda científica que pode mudar a sociedade e sim grandes forças sociais dela mesma, quando chegar o momento e a conjuntura. Conhecer já é um grande primeiro passo para quem quer mudar e transformar a sociedade.


sexta-feira, 13 de julho de 2018

NÃO QUERO CHORO NEM VELA, APENAS FORA CRIVELA


Helio Fernandes
Seu impeachment está difícil. Pelos crimes praticados, antes e depois
da posse, a impressão é que negociaria uma reunião sem punição. 17
vereadores assinaram a suspensão do recesso, ele entrou em campo
negociando, mas para distribuir favores e privilégios, que antes
negava, tudo era para os" lideres" da sua igreja.

Ontem a manifestação publica foi um fracasso.
Esperemos que a votação que pode começar hoje, não se transforme numa
vitória desse trapalhão paspalhão, que jamais poderia ter sido elei

O "Antigo Regime" continua nos privilégios hereditários do judiciário


O "Antigo Regime" continua nos privilégios hereditários do judiciário e dessa maneira é incompatível com a modernidade, a cidadania e a democracia: Carlos Eduardo Thompson Flores Lenz. Presidente TRF4. Desembargador. Filho de Mariza Thompson Flores, diplomada em letras e professora de Inglês do Curso Médio, casada com o Dr. Otmar Lens, Juiz do Trabalho. Neto do Ministro do STF Carlos Thompson Flores, a quem elaborou a genealogia: “Aos 26 de janeiro de 1911, há cem anos, nasceu Carlos Thompson Flores na cidade de Montenegro, no Estado do Rio Grande do Sul. Filho do político e advogado Luiz Carlos Reis Flores e de Dona Francisca Abbott Borges Fortes Flores, foram os seus avôs paternos o Desembargador Carlos Thompson Flores e Dona Luíza Elvira Reis Flores, filha do Barão de Camaquã, um dos comandantes militares da Guerra do Paraguai; pelo lado materno, o Dr. João Pereira da Silva Borges Fortes, político e magistrado no Império, e Dona Ofélia Abbott Borges Fortes, irmã do ex-Ministro da República e ex-governador, Dr. Fernando Abbott. O Ministro Carlos Thompson Flores é descendente de algumas das mais ilustres e antigas famílias do Brasil que forneceram ao nosso país políticos do mais alto relevo, como o Marechal Hermes Rodrigues da Fonseca, Presidente da República, diplomatas como o embaixador Carlos Martins Thompson Flores, médicos como o Conselheiro do Império Dr. Jonathas Abbott, considerado por muitos o maior luminar da ciência médica brasileira no século XIX. Destacam-se, ainda, o Coronel Thomaz Thompson Flores, herói da Guerra de Canudos, cujos feitos são relatados por Euclides da Cunha na obra clássica "Os Sertões"; o Ministro Francisco, Thompson Flores, Ministro do Tribunal de Contas da União que, em 1937, como relator das contas do Presidente. Getúlio Vargas, levou a Corte de Contas a manifestar-se pela rejeição das contas do Presidente da República, em decisão sem precedentes na história daquele Tribunal. É descendente direto do bandeirante Raposo Tavares, um dos fundadores do Brasil, e de Dionísio Rodrigues Mendes, um dos primeiros povoadores do Rio Grande do Sul, cuja fazenda, em meados do século XVIII, situava-se em terras onde hoje se localiza o Município de Porto Alegre. Uma das fazendas de seu bisavô, o Dr. João Pereira da Silva Borges Fortes, notável político do segundo reinado, hospedou o Imperador D. Pedro II e toda a sua comitiva, no ano de 1865, em São Gabriel, quando de sua visita à Província de São Pedro. Corre em suas veias o nobre sangue da família Leme, de São Paulo, que deu ao Brasil homens como o Cardeal D. Sebastião Leme,que desempenhou papel decisivo para o favorável desfecho da Revolução de 1930, ao convencer o Presidente deposto Washington Luís Pereira de Sousa a partir para o exílio. São, ainda, seus primos o Almirante Diogo Borges Fortes, Ministro e Presidente do Superior Tribunal Militar, o General Carlos Flores de Paiva Chaves, o primeiro militar brasileiro a comandar tropas da ONU-comandou a Faixa de Gaza nos anos cinquenta -, o Almirante Joaquim Flores do Rêgo Monteiro, formado em Engenharia Naval na Inglaterra e um dos pioneiros no país nessa importante modalidade de engenharia e o Embaixador Francisco Thompson Flores, um dos responsáveis pela criação e instalação do Mercosul, quando embaixador em Buenos Aires. Essas, em apertada síntese, são as origens familiares de Carlos Thompson Flores. O homem, disse-o Antonio Joaquim Ribas, em sua biografia de Campos Salles, é um ser sucessivo, cuja alma contém, algumas vezes, as virtudes de cem gerações. Como nos minerais e vegetais, prossegue o notável biógrafo, a natureza elabora, longa e surdamente, as suas obras-primas na humanidade. Eis por que assinalamos que nos seus antepassados já se revelavam as altas virtudes que, aperfeiçoadas pelo estudo e meditação, destinaram no às mais elevadas posições na administração da nossa Nação. A l'origine d'une vocation, recorda Roger Martín Du Gard, il y a presque toujours un exemple. No exemplo de seus ancestrais, colheu a inspiração e o estímulo que lhe serviram de motivação na escolha de sua vocação, a magistratura, cujo exercício consumiu toda a sua existência. ”
RCO


quinta-feira, 12 de julho de 2018


Imaginar-se como elemento necessário na ordem do universo equivale, para nós, gente de boas leituras, àquilo que é a superstição para os iletrados. Não se muda o mundo com ideias. As pessoas com poucas ideias estão menos sujeitas ao erro, seguem aquilo que todos fazem, não incomodam ninguém, têm sucesso, enriquecem e alcançam boas posições, como deputados, condecorados, homens de letras renomados, acadêmicos, jornalistas. Pode-se ser idiota quando se cuida tão bem dos próprios interesses? O idiota sou eu, que quis lutar contra moinhos de vento."

Umberto Eco, 'O cemitério de Praga, p.194-195.


Jesus nasceu sem teto, trabalhou como carpinteiro




Jesus nasceu sem teto, trabalhou como carpinteiro numa humilde aldeia da Galileia, periferia da Palestina. Em seu ministério, conviveu com ladrões, corruptos e prostitutas. Não ligava muito para os preceitos religiosos, pois "trabalhava" no sábado, curando os aflitos e oprimidos. Por fim, condenado pelo Império, é executado entre dois ladrões, na ignomínia de uma cruz. Agora, dizer-se seguidor desse cara e ser intolerante para com toda diferença, é uma contradição que nunca vai entrar na minha cabeça.

Otto Leopoldo Winck

Ser escritor não é vocação


Ser escritor não é vocação, chamado divino ou destino. Ser escritor é decisão. Em determinado momento da vida, geralmente depois da leitura de livros ou de um livro em especial, alguém decide ser escritor. E em cima dessa decisão, outras decisões são tomadas: um certa disciplina de leituras, estudo de línguas, determinada faculdade ou profissão -- tudo em função de favorecer a opção fundamental: tornar-se escritor. O escritor poderá a vir trabalhar como publicitário, jornalista, professor, advogado, o escambau, mas essa 'profissão' sempre será subsidiária diante da decisão maior de ser escritor. Ele pode até passar anos sem escrever, mas estará sempre acumulando forças para o grande livro que escreverá um dia. Mesmo quando ele está vivendo, ele não vive simplesmente pela vida. Ele vive para acumular experiências para enriquecer sua escritura. Nesse sentido ele vampiriza-se a si mesmo e aos outros. Ele pode estar na maior fossa, sozinho num quarto de hotel ou numa estação deserta, depois que seu amor o deixou -- e mesmo em meio a dor ele estará pensando: como posso transformar isso num poema ou na cena de um romance?
Assim, tornar-se escritor não é necessariamente decidir-se a escrever livros, mas orientar a sua vida de tal maneira que o objetivo de vir a escrever livros não seja prejudicado. Boa parte da energia libidinal do escritor será canalizada para este objetivo, às vezes a tal ponto que faltará energia para outras áreas vitais. Não é que o escritor esteja condenado a ser um fracassado na vida, mas suas energias estão voltadas de tal maneira para sua decisão que chegam a faltar em outras áreas, muitas vezes mais necessárias na luta cotidiana pela vida. Quem não entende isso, não sente isso, pode até escrever livros e ser reconhecido socialmente como escritor, mas nunca o será de fato. Muitos podem alegar que há aqui uma certa herança do cristianismo e de suas ideias de sacrifício e abnegação. Não nego. A literatura não é um evento solto no ar da não-história. A literatura é fruto de uma longa construção histórica que teve suas raízes lá na Grécia antiga e cuja configuração atual se determinou em algum momento entre os séculos XIX e XX. Faz parte dessa construção a ideia de que o escritor é um santo sem fé num mundo sem deuses cujo último sucedâneo do sagrado não é necessariamente o fetichismo do livro literário mas o própria decisão de tornar-se escritor. E se a literatura perdeu sua relevância no mundo contemporâneo, este gesto só se reveste de maior heroísmo ainda. E só o herói é belo.

Otto Leopoldo Winck


Ditadura judicial


Ditadura judicial escancarada depois dos salamaleques político-jurídicos de Moro hoje, em férias e no exterior. O crime anterior e nunca punido da interceptação telefônica fez pós-graduação e aumentou de escala golpista. O poder judiciário foi integralmente sequestrado pela gangue de Moro. As manobras e atos discricionários de Moro e Gebran hoje foram mais rasteiros, autoritários e personalizados do que em qualquer outro momento da história jurídica brasileira. Os atos institucionais da última ditadura do Chico Ciência, Francisco Campos, pelo menos se revestiam de formas de golpismo mais institucionalizado que o do bando de tiranetes chicaneiros e rábulas de direito(a) que assaltaram o judiciário contemporâneo. O golpismo judicial aberto afundará ainda mais a crise política.

RCO

Novo Ministro do Trabalho do governo golpista


Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello - Novo Ministro do Trabalho do governo golpista de Temer. Rodei a teoria do nepotismo rapidamente para ver quais os vínculos familiares do Desembargador Aposentado do Trabalho, Caio Luiz de Almeida Vieira de Mello , ex-vice-presidente do Tribunal Regional do Trabalho de Minas Gerais. Filho do ex-ministro do Tribunal Superior do Trabalho, Desembargador Luiz Philippe Vieira de Mello, Caio Luiz de Mello começou a trabalhar no Tribunal do Trabalho aos 19 anos, já nascem trabalhando nas instituições dos pais pelo nepotismo e chegou a vice-presidente do órgão. Irmão de Luiz Philippe Vieira de Mello Filho, atual Ministro do Tribunal Superior do Trabalho. Neto do Dr. Accácio de Almeida, figura de grande projeção em Caxambu – MG, primo do Vereador de Caxambu, Clóvis de Almeida. O novo Ministro do Trabalho operava como consultor do poderoso escritório jurídico Sérgio Bermudes, o mesmo de Guiomar Feitosa Lima Mendes, mulher do ministro do STF, Gilmar Mendes e da antiga oligarquia Feitosa do Ceará. O que eu falo, a sobrevivência do golpista Temer se deu pelo apoio da classe dominante tradicional e suas oligarquias familiares regionais aptas ao bom extrativismo estatal neste governo golpista.

RCO

O nazifascismo tinha seus deputados


O nazifascismo tinha seus deputados, jornalistas, juristas, policiais, militares e empresários, mas a grande narrativa original que fica sempre é a da universidade e da teoria crítica. Para um golpe não adianta ter somente o apoio e o discurso ideológico superficial de políticos, da mídia, do judiciário, de policiais, de associações comerciais e de academias de lutadores. Quem define o que é um golpe é a universidade nas suas áreas centrais das humanidades e educação. Não foram juristas e magistrados alemães, como o juiz Roland Freisler, um tipo reforçado de juiz Moro, que definiram o golpe e o regime, mas sim os cientistas sociais de grupos como a “Escola de Frankfurt”, que alertaram e denunciaram a inevitável queda e ruína das falsas ilusões do projeto antidemocrático dos golpistas. Como as mentiras de um projeto de salvação nacional de direita sempre acabam no mais corrupto e tirânico regime até serem derrubados, mais cedo ou mais tarde, pelas forças progressistas e democráticas da verdade e da liberdade.

RCO


Faz 54 anos que eventos ocorrendo em 31/04/1964 culminam em 1/04/1964 no Golpe (civil/empresarial-militar)que nos levou a uma ditadura, retirando do poder o presidente João Goulart. Repressão, autoritarismo, mortes, tortura, corrupção escondida, vigilância dos vizinhos, a desigualdade aumentou sim, vão ler... e só em 2011 tivemos a instalação da Comissão da Verdade.
É para lembrar.
É para entender que esconderam os efeitos nocivos desse período, que não se produziu vergonha coletiva pelas ações da ditadura, é para lembrar que se escondiam cadáveres, que censuravam informações, lembrar do AI 5 que cassou mandatos e acabou com garantias do habeas corpus... teve muita perseguição àqueles que pensavam diferente e que mostrou a mesquinharia das delações, muitas , muitas vezes não verdadeiras, mas agradavam a versão da SNI ( Serviço Nacional de Informações da Ditadura)...
Ditadura nunca mais!
A exemplo da Argentina era isso que deveríamos estar lembrando, tortura nunca mais, ditadura nunca mais, extermínio nunca mais...
Mas para um país que tem dificuldade de aceitar as consequências nefastas da escravidão até hoje, do genocídio indígena, imagina refletir sobre ditadura ...

Louise Ronconi de Nazareno

segunda-feira, 2 de julho de 2018


Para cada jogo da Copa podemos rememorar fatos históricos. Parabéns para a Rússia. Poucos sabem que o ditador Franco enviou tropas ibéricas para combaterem a União Soviética na Segunda Guerra Mundial. A Divisão Azul era composta por dezenas de milhares de fanáticos de direita, fascistas espanhóis e alguns portugueses. Participaram das ações armadas na ofensiva de 1941 e de 42. Lá não encontraram um povo desorganizado, nem civis amadores e desarmados, sem liderança centralizada, como na Guerra Civil Espanhola. Quando a resistência russa aumentou o ditador Franco covardemente retirou as suas tropas ainda em meados de 1943. Nem saiu o ataque contra os britânicos em Gibraltar. O franquismo sobreviveria ao nazifascismo até os anos 1970, com apoio das potências ocidentais na "Guerra Fria".

RCO

O México teve uma das primeiras revoluções inconclusas do século XX em 1910


O México teve uma das primeiras revoluções inconclusas do século XX em 1910. A vitória histórica de Andrés Manuel López Obrador (AMLO) abre um novo e desafiador ciclo político no México. A formação do movimento-partido MORENA em 2014 representou uma novidade que permitiu a vitória do veterano Obrador. As vitórias na Presidência, na Cidade do México e em outros governos, sem uma maioria absoluta do MORENA no legislativo, apontam para velhas questões e alianças nas perspectivas e limites da esquerda reformista latino-americana. Como setores reacionários da classe dominante, mídia e do empresariado não estão acostumados a perderem eleições. A direita não tem o que entregar e somente tem a retirar direitos e renda dos trabalhadores na região. A direita sempre aprofunda as crises e a desigualdade. O déficit de revoluções históricas. A proximidade com os Estados Unidos e milhões de imigrantes mexicanos por lá, a desigualdade social, a violência do narcotráfico serão grandes desafios. A esquerda sai muito fortalecida e o golpe no Brasil segue cada vez mais enfraquecido, perdido e sem apoios eleitorais em função dos péssimos resultados de dois anos de golpismo no poder. Enquanto não ocorrer o retorno da democracia ao Brasil, o México equilibra o jogo político na região e se destaca pela democracia. As lutas sociais podem significar o retorno da esquerda no Brasil e na Argentina, se a democracia se mantiver, até mesmo pela falência da direita no poder em ambos países. O Brasil tem algumas semelhanças e muitas diferenças sociais, políticas e históricas em relação ao México. O Brasil é uma sociedade maior, com fronteiras, com desigualdade ainda mais brutal e uma classe dominante tão atrasada como a mexicana. América Latina de história lenta, "Eppur si muove" (No entanto, se move) e surpresas podem acontecer para os próximos anos.

RCO


Ah... e a cada garfada de veneno


"Ah... e a cada garfada de veneno, cada colherada de papinha envenenada pro teu filhinho, lembre-se do quanto você foi injusto e ingrato com quem, com sol na moleira, com as mãos calejadas da enxada, levou alimentação saudável e sem veneno pra tua mesa, chamando-os de 'vagabundos do MST'.
O veneno que saiu da tua boa, até hoje, um dia iria voltar e nós avisamos."

Malu Aires


"Nos demais,
todo mundo sabe,
o coração tem moradia certa,
fica bem aqui no meio do peito,
mas comigo a anatomia ficou louca,
sou todo coração."

Maiakóvski

"A ideologia alemã"


"As ideias da classe dominante são, em todas as épocas, as ideias dominantes, ou seja, a classe que é o poder material dominante da sociedade é, ao mesmo tempo, o seu poder espiritual dominante. A classe que tem à sua disposição os meios para a produção material dispõe assim, ao mesmo tempo, dos meios para a produção espiritual, pelo que lhe estão assim, ao mesmo tempo, submetidas em média as ideias daqueles a quem faltam os meios para a produção espiritual. As ideias dominantes não são mais do que a expressão ideal das relações materiais dominantes, as relações materiais dominantes concebidas como ideias; portanto, das relações que precisamente tornam dominante uma classe, portanto as ideias do seu domínio. Os indivíduos que constituem a classe dominante também têm, entre outras coisas, consciência, e daí que pensem; na medida, portanto, em que dominam como classe e determinam todo o conteúdo de uma época histórica, é evidente que o fazem em toda a sua extensão, e portanto, entre outras coisas, dominam também como pensadores, como produtores de ideias, regulam a produção e a distribuição de ideias do seu tempo; que, portanto, as suas ideias são as ideias dominantes da época."

Karl Marx e Friedrich Engels, "A ideologia alemã"


Jânio Quadros e JK nos legaram um precioso ensinamento para a compreensão da politica brasileira: treino eh treino, jogo eh jogo. dessa forma, pode-se ganhar uma eleição com relativa facilidade e se fazer um péssimo governo. Assim como uma eleição apertada pode dar origem a um governo nunca antes visto na historia desse pais. Tudo depende da capacidade de composição e negociação da agenda com os pares. Uma boa negociação de agenda com os lideres partidários eh melhor antidoto contra o populismo, fisiologismo e clientelismo rastaquera que assolam o pais. Por outro lado, uma vitória eleitoral com estratégia discursiva de péssimo nível pode-se converter facilmente numa vitória de Pirro. Foi este o caso da doutora Dilma em 2014 a meu ver... Janaina Pascoal eh uma espécie de espelho de narciso as avessas desse processo. Se conseguirmos evitar que 2018 seja uma repetição de 2014 já está de ótimo tamanho para nossa precária democracia. Os petistas e tucanos deveriam estudar mais nossa história politica e extrair lições dela, para além das teses acadêmicas defendidas por jovenzinhos de classe media nos anos 70, que nunca puseram um pé num parlamento ou num órgão governamental de verdade...
Sérgio Braga