sábado, 9 de fevereiro de 2019


A forma como a lei é aplicada é o mais importante termômetro do autoritarismo e do golpismo. Na transição para qualquer ditadura, seja no fascismo italiano, no nazismo alemão, em ditaduras militares cucarachas, chama a atenção a continuidade dos mesmos juízes, da mesma magistratura, dos mesmos tribunais, das mesmas leis, agora personificadas e aplicadas por novas caras de juristas vingadores e oportunistas associados aos novos regimes golpistas autoritários. Como a história ensina, as democracias sempre morrem primeiro pela aplicação instrumental e golpista das leis existentes, retorcidas e desfiguradas para atenderem aos interesses autoritários dos novos regimes de exceção. Só depois de instalado o regime de exceção e depois a ditadura é que podem pensar em algumas mudanças institucionais, caso precisem posteriormente. No caso da Alemanha Nazista, o arquétipo do jurista autoritário como membro orgânico do partido político de direita, nem precisaram mudar a Constituição porque os magistrados e os tribunais já interpretavam e aplicavam as leis como queriam para perseguir opositores e adversários do regime.
RCO


"Não Verás País Nenhum", a distopia de Ignácio de Loyola Brandão, livro lançado em 1981, sempre me impressionou e assustou como o espelho do que podíamos negativamente nos tornar e efetivamente nos tornamos. Uma ficção passada no começo do século XXI, a ditadura militar nunca terminou, os desastres e crimes ambientais, os bolsões de calor, a destruição de museus e reservas.Os miseráveis refugiados, a grande pobreza e desigualdade, as multinacionais e seus interesses coloniais no país, a desnacionalização, a privatização, as grandes cercas físicas e sociais aumentando. Os desencontros das tragédias sociais ampliadas, a destruição da esfera pública e coletiva. Nós, jovens esperançosos do início dos anos 1980, lemos aquilo com um tom de perplexidade, angústia e desconfiança. Lamentavelmente o autor apontou corretamente o nosso futuro, um capitão da ditadura militar entusiasta da tortura e repressão no poder golpista, com seus empresários, governadores, assessores e a ARENA continua no comando, com o atual DEM, no Congresso, sempre continuando a tradição de corrupção, pilhagem e rapina. O "esquema" detalhado e descrito tristemente no livro é a narrativa de Brumadinho, do Ninho do Urubu, as mortes em favelas do "novo-velho"desgoverno na sua imensa ignorância e desprezo pela educação, saúde, direitos trabalhistas, humanos e a raiva das autoritárias elites tradicionais brasileiras pela ideia de moderna cidadania e democracia.
RCO

TRAGEDIA,DRAMA FATALIDADE


Helio Fernandes_______________________Tudo está acontecendo no Rio, a antiga Cidade Maravilhosa. Alem da insegurança total e absoluta,com praticamente toda a população aprisionada, ameaçada e amedrontada, pelo poder paralelo dos traficantes, facções criminosas e milicianos.Os traficantes garantidos pelos barões do asfalto, que remetem as drogas, se acumpliciam e dividem os lucros. Astrônomicos. As facções criminosas, dirigidas discricionariamente de dentro das penitenciarias.(Como aconteceu durante 1 mês no Ceará, impondo destruição, morte e medo, ás tropas enviadas pelo ministro Moro).E as cada vez mais poderosas e dominadoras milicias, altamente protegidas e inatingíveis. Se expandindo como verdadeiro Poder. Nada paralelo. Até um dos filhos de Bolsonaro,(Flavio), diz publicamente,"Milicia ignifica segurança". E como deputado condecora dezenas desses bandidos.Responsabilizado(e também por fraudes financeiras )protesta:"Estou sendo perseguido". Agora é a natureza que está contra o Rio e sua população.
 Na quinta feira, impiedoso temporal e vendaval, que atingiu a cidade inteira.
Na sexta, um incêndio restrito ao centro de treinamento do Flamengo, o famoso e popular " ninho do urubu". 10 mortos e 3 feridos, com a constatação lancinante.Jovens, sonhando com um futuro, que se projetava positivo e auspicioso.Alem dos que desapareceram, toda a comunidade se emocionou.Chorou. Lamentou.Compartilhou. Os jovens viviam ali, morreram em pleno sonho, sem saber o que aconteceu. Os pais, famílias, amigos, receberam o impacto,em pleno coração.

Manuela Frade de Almeida__________________ Mestre Helio Fernandes, perdoe minha ousadia mas meu diagnóstico aponta em outra direção: o golpe de 2016 desmontou todo arcabouço do que seria uma nação ou o que pensávamos que seria, rasgou o véu que nos encobria de nós mesmos e cá estamos nus, revelando nossa incapacidade de gerir nossas necessidades mesmo aquelas elementares de sobrevivência.

O metrônomo




Quem bate
Uma frase de língua
Ao vento do jogo

Neuma do metro
O balancim confia
O tempo à dicção

Ritmo limiar é preciso
Que uma porta de palavras
seja aberta e fechada

Longa breve e pausa
O tempo passa
Ele repassará

Há como no ser
Um ar de família um ar de nada

A corrente de ares
vira as páginas
isso não faz um vinco
mas cinco

Só mais um momento
Senhor leitor
O tempo de uma palavra nua
Entre duas viradas

O que me canta
…….dobra-se
Aos calibres das cores
.

Michel Deguy, trad Marcos Siscar


Quem diz que o problema do Brasil é um Estado inchado delira ou age de tremenda ma fé. Tá faltando médico no posto? Tá faltando vaga na creche? Na universidade? Tá faltando policial na rua? Ou seja, o problema não é um Estado grande, mas pequeno, encolhido, quase invisível.

É verdade que há setores no aparelho estatal visivelmente inchados - não em pessoal mas em custo aos cofres públicos. É o caso do judiciário e do ministério público, por exemplo. Vencimentos totalmente incompatíveis com as mazelas do país -- e vencimentos que já seriam pornográficos mesmo em países ricos, como Suécia ou Japão.

Mas não vejo da parte desse governo que tá aí nenhuma intenção ou vontade de corrigir essas assimetrias. Pelo contrário, em vez de mexer nos salários e aposentadorias nababescos de setores do Estado, vão cortar no trabalhador pobre -- que vai se aposentar mais velho, se se aposentar, e recebendo meio salário mínimo. Enquanto isso, o juiz vai continuar se aposentando com mais de 30 mil e aí, livre do serviço público, vai ganhar ainda mais horrores na banca privada.
OLW



"A forma como a lei é aplicada é o mais importante termômetro do autoritarismo e do golpismo. Na transição para qualquer ditadura, seja no fascismo italiano, no nazismo alemão, em ditaduras militares cucarachas, chama a atenção a continuidade dos mesmos juízes, da mesma magistratura, dos mesmos tribunais, das mesmas leis, agora personificadas e aplicadas por novas caras de juristas vingadores e oportunistas associados aos novos regimes golpistas autoritários. Como a história ensina, as democracias sempre morrem primeiro pela aplicação instrumental e golpista das leis existentes, retorcidas e desfiguradas para atenderem aos interesses autoritários dos novos regimes de exceção. Só depois de instalado o regime de exceção e depois a ditadura é que podem pensar em algumas mudanças institucionais, caso precisem posteriormente. No caso da Alemanha Nazista, o arquétipo do jurista autoritário como membro orgânico do partido político de direita, nem precisaram mudar a Constituição porque os magistrados e os tribunais já interpretavam e aplicavam as leis como queriam para perseguir opositores e adversários do regime."

Ricardo Costa de Oliveira