sábado, 9 de fevereiro de 2019


"Não Verás País Nenhum", a distopia de Ignácio de Loyola Brandão, livro lançado em 1981, sempre me impressionou e assustou como o espelho do que podíamos negativamente nos tornar e efetivamente nos tornamos. Uma ficção passada no começo do século XXI, a ditadura militar nunca terminou, os desastres e crimes ambientais, os bolsões de calor, a destruição de museus e reservas.Os miseráveis refugiados, a grande pobreza e desigualdade, as multinacionais e seus interesses coloniais no país, a desnacionalização, a privatização, as grandes cercas físicas e sociais aumentando. Os desencontros das tragédias sociais ampliadas, a destruição da esfera pública e coletiva. Nós, jovens esperançosos do início dos anos 1980, lemos aquilo com um tom de perplexidade, angústia e desconfiança. Lamentavelmente o autor apontou corretamente o nosso futuro, um capitão da ditadura militar entusiasta da tortura e repressão no poder golpista, com seus empresários, governadores, assessores e a ARENA continua no comando, com o atual DEM, no Congresso, sempre continuando a tradição de corrupção, pilhagem e rapina. O "esquema" detalhado e descrito tristemente no livro é a narrativa de Brumadinho, do Ninho do Urubu, as mortes em favelas do "novo-velho"desgoverno na sua imensa ignorância e desprezo pela educação, saúde, direitos trabalhistas, humanos e a raiva das autoritárias elites tradicionais brasileiras pela ideia de moderna cidadania e democracia.
RCO

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