sexta-feira, 4 de setembro de 2015

"J'ACCUSE"


Vamos pôr os pingos nos ii. Sobre a criança síria cuja imagem do pequenino cadáver rodou o mundo ontem e produziu engulhos (com razão) em quem tem ainda um pouco de sentimento humanitário nas veias e nos nervos. A culpa não é só da "grave crise migratória" que assola a Europa ou mesmo ainda da "humanidade", esta entidade meio abstrata que envolve todos os humanos e não responsabiliza em especial ninguém. A culpa é de quem, no eco da malfadada 'Primavera árabe', armou e incentivou as milícias fundamentalistas da Síria na luta pela derrubada de Bashar Al-Assad -- Obama, David Cameron e Hollande a frente. Esses, e seus apoiadores, são os verdadeiros culpados, os que trazem as mãos sujas do sangue dessa criança e de milhares de refugiados mortos.


Sobre a criança síria cujo cadáver veio dar nas praias da Turquia.

Otto Leopoldo Winck

"O mar devolveu à terra o corpo de uma criança. Nenhum tubarão nem peixes tocaram neste pequenino refugiado. Ao que parece, o menino chegou à praia intacto. Como se o mar dissesse à humanidade: 'Não me envolvam nisso. Esse horror é exclusivamente responsabilidade de vocês'."

Wilson Gorj

1970: Allende é eleito presidente do Chile


No dia 4 de setembro de 1970, Salvador Allende foi eleito presidente do Chile. Pela primeira vez na América Latina um político socialista chegou ao poder de forma democrática.


Salvador Allende

No dia 4 de setembro de 1970, o médico Salvador Allende ganhou as eleições diretas para presidente no Chile com uma maioria de 36,2% dos votos. Pela primeira vez na América Latina, um político socialista chegava ao poder de forma democrática.
No mesmo dia em que foi eleito, Allende declarou nos meios de comunicação que faria um governo marxista, prometendo implantar a reforma agrária, controlar as importações e exportações e nacionalizar os bancos.

Allende assumiu o poder numa época em que 45% do capital do país estavam nas mãos de investidores estrangeiros, as minas de cobre eram praticamente de domínio norte-americano e 80% das terras eram propriedade de latifundiários. Em 1970, a dívida do Chile era de mais de quatro bilhões de dólares, a segunda maior do mundo.

Fase de crescimento econômico

Durante seu governo, Allende começou a fazer as reformas que havia prometido: estatizou bancos e grandes empresas e, em 1972, fez o mesmo com as minas de cobre. Essas mudanças econômicas e sociais tiraram o país da péssima situação em que se encontrava. Em 1971, o Chile apresentou um crescimento econômico de 8,5%, o segundo melhor resultado dos 23 países da América Latina.

No começo de 1972, porém, a situação se inverteu. O país entrou em crise, o capital nacional e estrangeiro desapareceram, o crescimento econômico cessou e a produção agrária caiu vertiginosamente. Isso gerou escassez de alimentos, principalmente porque a poplulação e as empresas começaram a fazer estoques, temendo dias ainda piores.

A primeira tentativa fracassada de golpe para derrubar Allende do poder aconteceu no final de junho de 1973. O descontentamento da população era tão visível quanto o crescente desejo de mudanças. A fome e a falta de produtos básicos levaram a uma revolta. Os conflitos isolados eram o prenúncio de uma guerra civil.

Queda em confronto violento

No dia 11 de setembro de 1973, os militares saíram às ruas para tomar o poder. O Palacio de la Moneda, em Santiago, foi atacado por bombardeios aéreos. O confronto inevitável foi sangrento para ambas as partes. O general Augusto Pinochet assumiu o poder como presidente da Junta de Governo, formada a partir desta data.

Em 17 de dezembro de 1974, Pinochet passou a ser presidente da República do Chile, cargo que ocupou durante 17 anos. Neste período, a economia do país, apesar da ditadura militar, voltou a se estabilizar.

O mandato de Allende é lembrado como um período de glórias e desgraças. Até hoje não se sabe se ele foi morto ou se suicidiu durante o golpe militar. Allende ainda é venerado por simpatizantes e sua biografia continua atraindo a atenção mundial.


Autoria Mirjiam Gehrke (ms)
Fonte : Deutsche Welle

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Gratia Plena

 Amado Nervo

Todo en ella encantaba, todo en ella atraía:
su mirada, su gesto, su sonrisa, su andar...
El ingenio de Francia de su boca fluía.
Era "llena de gracia", como el Avemaría;
¡quien la vio, no la pudo ya jamás olvidar!

Ingenua como el agua, diáfana como el día,
rubia y nevada como Margarita sin par,
al influjo de su alma celeste amanecía...
Era llena de gracia, como el Avemaría;

¡quien la vio, no la pudo ya jamás olvidar!

  
Cierta dulce y amable dignidad la investía
de no sé qué prestigio lejano y singular.
Más que muchas princesas, princesa parecía:
era llena de gracia, como el Avemaría;
¡quien la vio, no la pudo ya jamás olvidar!

Yo gocé el privilegio de encontrarla en mi vía
dolorosa; por ella tuvo fin mi anhelar,
y cadencias arcanas halló mi poesía.
Era llena de gracia, como el Avemaría;
¡quien la vio, no la pudo ya jamás olvidar!

!Cuánto, cuánto la quise! ¡Por diez años fue mía;
                
pero flores tan bellas nunca pueden durar!
¡Era llena de gracia, como el Avemaría,
y a la Fuente de gracia, de donde procedía,
se volvió... como gota que se vuelve a la mar!
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