sexta-feira, 25 de julho de 2014

Passageiros entre palavras fugazes


(Mahmud Darwish)

Carreguem os vossos nomes e vão-se embora,
Cancelem as vossas horas do nosso tempo e vão-se embora,
Levem o que quiserem do azul do mar
E da areia da memória,
Tirem todas as fotos que vos apetecer para saberem
O que nunca saberão:
Como as pedras da nossa terra
Constroem o tecto do céu.
Passageiros entre palavras fugazes:
Vocês têm espadas, nós o sangue,
Têm o aço e o fogo, nós a carne,
Têm outro tanque, nós as pedras,
Têm gases lacrimogéneos, nós a chuva.
Mas o céu e o ar
São os mesmos para todos.
Levem uma porção do nosso sangue e vão-se embora,
Entrem na festa, jantem e dancem...
Depois vão-se embora
Para nós cuidaremos das rosas dos mártires
E viveremos como queremos.
Passageiros entre palavras fugazes:
Como poeira amarga, passem por onde quiserem, mas
Não passem entre nós como insectos voadores
Porque temos guardada a colheita da nossa terra.
Temos trigo que semeámos e regámos com o orvalho dos nossos corpos
E temos aqui o que não vos agrada:
Palavras e pudor
Se quiserem, levem o passado ao mercado de antiguidades
E devolvam o esqueleto à poupa
Numa travessa de porcelana.
Temos o que não vos agrada: o futuro
E o que semeamos na nossa terra.
Passageiros entre palavras fugazes:
Amontoem as vossas fantasias numa
Sepultura abandonada e vão-se embora,
Devolvam os ponteiros do tempo à lei do bezerro de ouro
Ou ao horário musical do revólver
Porque aqui temos o que não vos agrada.
Vão-se embora
E temos o que não vos pertence:
Uma pátria e um povo exangue,
Um pais útil para o olvido e para a memória.
Passageiros entre palavras fugazes:
É hora de vocês se irem embora.
Fiquem onde quiserem, mas não entre nós.
É hora de se irem embora
Para morrerem onde quiserem, mas não entre nós
Porque nós temos trabalho na nossa terra
E aqui temos o passado,
A voz inicial da vida,
E temos o presente e o futuro,
Aqui temos esta vida e a outra.
Vão-se embora da nossa terra,
Da nossa terra, do nosso mar,
Do nosso trigo, do nosso sal, das nossas feridas,
De tudo... vão-se embora
Das recordações da memória,
Passageiros entre palavras fugazes

Israel e a questão Palestina

Ricardo Costa de Oliveira
Muito ruim a posição do governo de Israel. Lembremos que os judeus sem amigos causaram a sua expulsão de Portugal e posteriormente também do Brasil, depois que perderam a guerra com os holandeses, em 1654. Desproporcional foi o Brasil ter recebido milhares de judeus fugidos do nazismo alemão. Desproporcional foi Osvaldo Aranha ter contribuído decisivamente na criação de Israel pela ONU. Podemos percorrer 4.000 km em linha reta dentro do nosso país porque somos gigantes. O massacre em massa de crianças e mulheres é um genocídio e sempre será condenado pela maioria dos países.
Sergio Amaral E pela primeira vez na história o Brasil retira seu embaixador ...para consultas ...Inadimissível a frieza do governo sionista...
Ricardo Costa de Oliveira
Gutenberg Alves Fortaleza Teixeira Mais uma vez Ricardo Costa de Oliveira, foi lúcido e correto, sem se prender as paixões!! Para resolver qualquer problema devemos abandonar uma opinião subjetiva e buscar com base na racionalidade a lógica que se planteia...
Maria Marce Moliani Concordo com sua colocação Ricardo Costa de Oliveira e achei muito acertada a decisão de chamar o Embaixador depois da resposta ofensiva de Israel ao Brasil. Nas relações internacionais o Brasil sempre se posicionou firmemente agressivas e de desrespeito por parte de nações mais poderosas e por isso é um membro respeitado na ONU. Acho que é o momento de nos posicionarmos firmemente a respeito da criação do Estado Palestino e os argumentos que foram usados para a criação de Israel se aplicam perfeitamente para a criação desse Estado.
Drelenay Prado Mafra Oi Ricardo, não sei se entendi ou confundi o trecho de seus post em que fala sobre "os judeus sem amigos causaram a sua expulsão de Portugal e depois do Brasil, depois que perderam a guerra com os holandeses em 1654." Nesse período e até o Século XIX ainda havia a questão da Inquisição, e ficava em Portugal ou no Brasil, quem se tornava Cristão-Novo, pagava para ficar no lugar ou então, ia para outro país cumprir alguma função e olha que muitos perdiam tudo ou se não perdiam, pagavam impostos altos. E olha que não havia tantos pobres entre eles. https://www.youtube.com/watch?v=fBsemwK4DJc Este link mostra um vídeo de um Rabino a explicar a situação sobre o que está a acontecer no Estado de Israel e explica a diferença entre Judaísmo Ortodoxo e o Judaísmo Sionista. Acho útil!
Judeus Contra Sionismo, Contra a Opressão do Estado Israelita
Rabino Dovid Weiss fala sobre o roubo da imagem publica da religião Judaica pelo sinistro movimento ateu, o Sionismo, primeira fonte de anti-semitismo no mun...
Drelenay Prado Mafra Salmo, eu não fiz pra enfeitar. Eu partilhei algo que um Rabino judeu julgou ser necessário falar. E sinto te dizer, mas tenho parentes e amigos que pertenceram ou pertencem ao Judaísmo. Então, eu digo e afirmo, eles também dizem o mesmo, que o verdadeiro judeu, tal como o cristão ou outro religioso que entende a espiritualidade da fé e da religião que escolheu, não mata. Eu nenhum momento falei que o Estado de Israel era assim ou assado. Pelo jeito você não viu o vídeo, eles diz que há pessoas judias que têm um outro tipo de idéia e distorcem a sua religião e os conceitos que lhe pertencem. Como um cristão do Século XV ou os de agora que por achar que os outros eram ou são um nada, condenam e fazem palhaçadas ou barbaridades a partir disto. Então, por favor. Comente a sua opinião, mas não me inclua em seus comentários, porque eu quis trocar uma idéia com o Prof. Ricardo e não com você. Obrigada de qualquer forma.
Ricardo Costa de Oliveira Salmo, A Resolução S21 aprovada pela maioria dos países no Conselho de Direitos Humanos da ONU é correta. Eu não tenho nenhuma simpatia, afinidade ou cumplicidade com governos assassinos como os descritos na resolução. Quem apóia este tipo de violência militar contra crianças e mulheres está cada vez mais isolado politicamente no mundo e no Brasil. 21st special session of the Human Rights Council on the human rights situation in the Occupied Palestinian Territory, including East Jerusalem - 23 July 2014 http://www.ohchr.org/.../Pages/21stSpecialSession.aspx21st Special Session
www.ohchr.org
Office of the High Commissioner for Human Rights
Ricardo Costa de Oliveira "O comitê de Aécio Neves deu aval à posição do Itamaraty contra a ofensiva de Israel na faixa de Gaza. Responsável pelo programa de política externa do tucano, o embaixador Rubens Barbosa concorda com o governo nas críticas à "desproporcionalidade" dos ataques israelenses. Para ele, o país deve se manter firme em favor da criação do Estado palestino e da negociação pelo fim do confronto armado. Barbosa reprovou a reação de Israel, que chamou o Brasil de "anão diplomático". http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/177601-painel.shtml
Ricardo Costa de Oliveira Concordamos neste ponto. O primeiro passo é o fim dos massacres contra a população civil. Os judeus foram expulsos de Pernambuco, em 1654, porque estavam associados com os agressores holandeses. Eles chegaram em Nieuw-Amsterdam, Nova Amsterdam, colônia holandesa tal como o Suriname e Curaçao, para onde também se deslocaram muitos judeus. Os ingleses conquistaram Nieuw-Amsterdam somente em 1664 e depois mudaram o nome para New York, Nova Iorque. http://www.brown.edu/.../John.../judaica/pages/curacao.html
Jews and the Americas
www.brown.edu
In the mid-seventeenth century, Spain was greatly concerned by the rising milita...Ver mais
Gustavo Lemos Para mim, o Brasil quer marcar território no campo diplomático com vistas a uma vaga permanente no Conselho de Segurança da ONU. China e Rússia sempre vetaram essa pretensão, por considerarem nosso país alinhado com os americanos. A atitude brasileira no meu entender foi uma tentativa desastrada de quebrar essa escrita.
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/poder/177601-painel.shtml
www1.folha.uol.com.br
João Simões Lopes Filho O cerne da questão vai além da escolha do lado. A causa foram os europeus e americanos que ao recriar um país artificial baseado em fronteiras vagas de 2.000 anos antes ignorou que já existia um povo ali habitando. Para compensar os judeus pelo que eles sofreram (nas mãos dos europeus), acabou-se criando um conflito interminável. Imagina se a ONU decidisse que um país africano fosse dado para afro-americanos para que eles voltasse para uma terra de origem, expulsando os africanos do lugar para regiões pequenas e periféricas?
Salmo Raskin João Simoes, a Partilha não foi feita pelos Americanos, e não ignorou que já existia um povo ali habitando, o território foi divido em dois, um para cada Povo. A ONU, a pedido do Reino Unido, elaborou o plano de partição da área do Mandato Britânico da Palestina. O plano consistia na partição da banda ocidental do território em dois Estados - um judeu e outro árabe -, ficando as áreas de Jerusalém e Belém sob controlo internacional. 53% do território seriam atribuídos aos 700 mil judeus, e 47% aos 1 milhão e 400 mil árabes sendo desses 900 mil que imigraram durante o inicio do seculo XX e 500 mil viviam no local (antes desse acontecimento, judeus provenientes da europa ocidental e do norte da africa também já haviam imigrado a Palestina se juntando a outros poucos milhares de judeus que viviam historicamente ali , anteriormente a publicação dos Livros Brancos, e comprado 65% das terras daquela região, do antigo mandato Turco-Otomano, por isso essa proporção de terras).
João Simões Lopes O problema é que foi uma decisão arbitrária, o fato de que estes emigrantes teriam direito a ter um país próprio. Foi uma engenharia geopolítica arriscada, cujos frutos até hoje os habitantes de lá colhem, sem possamos culpa o povo judeu ou o palestino que herdou essa situação. É natural que os segmentos árabes mais radicais se opusessem a partilha, o que não justifica, é claro, a violência e o fanatismo. Para piorar o cenário existe o elemento religioso que põe pimenta na mistura: segmentos obscurantistas do fundamentalismo islâmico prontos para uma jihad sem limites, e o fundamentalismo judaico, baseando-se em limites traçados na Bíblia cuja base histórica é discutível. Só que a divisão foi feita, enfiada goela abaixo dos árabes, que partiram para a guerra, e perderam, para um adversário muito mais poderoso, e aí ficaram encurralados em métodos terroristas.
Ricardo Costa de Oliveira O João aponta importantes questões. Salmo, leia os textos com atenção. Eu marquei o começo do texto e citei o link de referência, que você utilizou. A Resolução da ONU, muito bem votada pelo Brasil, também condena os foguetes lançados contra Israel e que mataram duas pessoas. Veja o item 3. Condemns all violence against civilians wherever it occurs, including the killing of two Israeli civilians as a result of rocket fire, and urges all parties concerned to respect their obligations under international humanitarian law and international human rights law; S-21/1 Ensuring respect for international law in the Occupied Palestinian Territory, including East Jerusalem. http://www.ohchr.org/.../Pages/21stSpecialSession.aspx
21st Special Session
www.ohchr.org
Office of the High Commissioner for Human Rights
João Simões Lopes Filho Qualquer proposta de divisão territorial geraria descontentamentos, principalmente se tratando de uma divisão entre um povo já presente, e outro imigrante mais recente. Era um proposta não muito diferente da visão romântica do Lebensraum alemão, que consistiaem acreditar que a Alemanha tinha legitimidade em reclamara autoridade sobre territórios na Polônia, Tchecoslováquia, Áustria, porque fariam parte de uma idealizada pátria germânica ancestral. O mais correto teria sido dar independência à Palestina, e deixar que os judeus continuassem livremente migrando para lá. Claro que as consequência seriam imprevisíveis. Teríamos uma sociedade mista mais harmoniosa, ou mais cedo ou mais tarde o choque entre fundamentalismos descambaria para conflitos étnicos?

21st special session of the Human Rights Council on the human rights situation in the Occupied Palestinian Territory, including East Jerusalem - 23 July 2014http://www.ohchr.org/.../Pages/21stSpecialSession.aspx
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