quarta-feira, 12 de agosto de 2015

Daniel Mittelbach Posso estar completamente enganado, mas o que vi nos conglomerados midiáticos nos últimos dias foi apenas a solidificação da imagem do Temer como grande articulador dos interesses trabalho-capital e figura capaz de superar a crise política através de seu discurso unificador. Ou seja, nada além de continuar sedimentando o caminho do golpe tentando convencer a população de que tirar Dilma e colocar Temer não é trocar 6 por meia duzia...

Daniel Jorge Habib prá mim não houve desistência do golpe. Foi a tática de incitar a polícia jogando pedra, depois correr pro fundo dizendo que foram os outros...

André Castelo Branco Machado De certa forma, concordo. Incitaram para sangrar, como bem reconheceu o Aloysio Nunes. Para, quando o governo estivesse entregue, dai sentaram para negociar.
 ://m.oglobo.globo.com/.../mercadante-reconhece-erros-do...
Mercadante reconhece erros do governo, elogia PSDB e propõe \'acordo suprapartidário\'

Daniel Jorge Habib se eu pudesse dar uma opinião às executivas, seria sobre a necessidade de um novo pacto de governabilidade.
Tardiamente o partido reconheceu que os conteúdos das alianças com o pmdb foram demasiado anti-estratégicos, tanto em nível federal como genericamente as estaduais.
O mesmo se aplica à manutenção das alianças com o capital financeiro e adiamento da auditoria da dívida e da mídia, flexibilização do crédito bancário de altos juros à baixa renda, e os setores antinacionais do agronegócio, extrativismo, indústria e educação, sem a necessidade de citar nomes.
Esse novo pacto de governabilidade, mais uma vez na minha opinião, não visaria garantir a governabilidade do partido pelo/para o partido, mas sim a discussão, deliberação e construção de um projeto nacional, coisas que o PAC não fez e não será capaz de executar mesmo se for concluído.
Uma eventual renúncia ou destituição da presidência vai arruinar o que ainda resta de governabilidade no país, e creio firmemente que a tendência para os meses que seguem é ao caos generalizado, com risco de guerra civil de caráter etnológico e religioso, mais que político e econômico, cenário onde uma possível intervenção da otan não seria de todo descartada para os anos seguintes.
Temo pela governabilidade porque temo pelo futuro da nação brasileira, tanto quanto pelo país Brasil.

Ana Smolka Excelente avaliação. A nós, trabalhadores resta resistir e aprender definitivamente a votar!
Leandro de Paula Espero que o governo tenha uma carta na manga e que essa "trégua" seja uma retirada estratégica do campo de batalha para dar mais fôlego aos soldados. É inacreditável o poder da mídia. Incrível também é a forma como o capital internacional impõe sua vontade, passando por cima da soberania de qualquer país.

Flavio Vilmar Silva A mídia publica que a aceitação de Dilma é de sete por cento. Depois vejo pesquisa dizendo que a aceitação e confiança da mídia são míseros 4,8 por cento. Fico com quem ?
Odenir Colombo Concordo André, acredito que o ajuste está feito com a taxa de juros, quem manda na Globo é o Bradesco. Quem manda nos Frias e nos Mesquita é o Itaú. O restante é figuração. O cade vai aprovar a compra do HSBC e em breve novas medidas para contentar setores da economia via BB, Caixa e BNDS.

Gustavo Campos Zapelini Mudar a bitola com o trem andando não dá. A virada à esquerda perdeu-se no primeiro mandato do Lula. Seguiu-se o governo que deu pra fazer, atraído e traído por forças centrípetas do mercado. Que levam tudo a um grande buraco negro. Mas entrar no buraco acaba tudo. E pra que melhor negócio que a "crise"? Se não tem, se produz. Afinal é o mercado, essa besta fera que não tem dono, mas obedece a mão invisível dalguns. Agora, licenças macroeconômicas a parte, é como dizia Friedman: no free lunch.

Raphael Rieche Do meu ponto de vista, os ajustes econômicos são vitais para a manutenção do grau de investimento do país e, consequentemente, dos maciços volumes de recursos que grandes fundos de private equity americanos e europeus depositam em nosso mercado. Seria uma verdadeira tragédia para o país a volta do grau especulativo, literalmente quebraria grandes empresas nacionais, com muito desemprego e ainda mais confusão.

Raphael Rieche Não obstante, concordo que o ajuste poderia ser no tamanho de estado, com cortes drásticos no número de ministérios e de cargos comissionados, ao invés de penalizar somente a classe trabalhadora. Mas temos que lembrar que a classe empresarial também é duramente afetada pela nossa carga tributária e custo país. Não tá fácil pra ninguém.

Fabricio Renê Não há como negar, a crise é política, inflada pela grande mídia, que comanda a elite e a classe média numa pretensa cruzada pela moral e contra a corrupção... Vão colocar o PMDB, como "aliado", um partido que virou de vez quadrilha de chantagistas e aproveitadores e nem de longe o velho MDB que lutava contra a ditadura. Mas em troca da manutenção pelo poder, o PT vendeu a alma ao diabo e faz um governo neo-liberal, nos moldes da Tucanalha. Aí não dá!!! Ou o PT muda a agenda e volta ao socialismo, abre mão destas alianças satânicas e salva o governo ou este governo é um governo natimorto e refém de um congresso que não vale um vintém...

Flavius Lucilius Nunes Na Globo só se fala de crise, inflação e Lava Jato...Grande apoio... O país que se dane para eles...

Luiz Vitor Ferreira Ranieri Há muita coisa nesse "preço": democratização da mídia, sonegação de impostos, financiamento de campanha, imposto escalonado conforme riqueza... E por aí vai. O poder tem seu preço somente porque há pessoas e partidos dispostos a pagar. Millôr Fernandes disse: "O poder é um camaleão ao contrário, todos tomam sua cor"

Nelson Settanni É a calmaria antes da tempestade. Eles não honrarão acordo nenhum nem o seppuku do Pt.

André Castelo Branco Machado Também não confio em qualquer acordo. Mas o planalto procura um acordo desde o início e eles sabem disso.


Ana Smolka Helberth Avila... dá uma lida nesta avaliação do André Castelo Branco Machado, pois vai de encontro com seus medos, conforme publicou no grupo 'Unidade'.



Daniel Jorge Habib

Bom dia amigos,

venho fazer um relato, um breve relato, semelhante ao desabafo de um filósofo. Exercício da minha profissão.

No início de 2010 comecei a perceber umas movimentações estranhas no rearranjo geopolítico global, também em relação ao Brasil. Me perguntava por que certas coisas aparentemente desconectadas estavam acontecendo e dificilmente encontrava respostas em causalidade linear, felizmente disponho de algumas técnicas de diagnóstico de causalidade sistêmica recursiva e em rede. Com o passar dos meses uma espécie de "sombra" foi aparecendo e em meados do ano percebi que era algo próximo a um roteiro estruturado para nova conformação política do/no território brasileiro.

Três razões principais me levaram a essa conclusão:
1- o cenário global de mudanças climáticas combinado ao fluxo massivo de êxodo rural e concentração urbana, que vai expor a quase totalidade dos territórios brasileiros exploráveis para energia solar, além de água, minérios, biodiversidade e terras agricultáveis, com condição muito superior à daqueles países onde uma nova pequena era glacial irá tornar a vida urbana impraticável nas próximas décadas;
2- a oferta crescente de mão de obra tecnicamente qualificada mas filosófica, sociológica, antropológica, política, econômica e cientificamente emburrecida no país, condição extremamente favorável para repetidores de regras não pensadas e, claro, não questionadas;
3- o violento retrocesso percebido nos últimos anos nos atos administrativos entre os três poderes e nas três esferas, quanto ao respeito aos DHESCA (Direitos Humanos, Econômicos, Sociais, Culturais e Ambientais), que abrem caminho para justificar uma coalizão multisetorial e multilateral contra o governo e subgovernos brasileiros, apesar do reconhecimento de avanços em outras áreas.

Percebido esse cenário, pude fazer um exercício retrospectivo (uma espécie de regressão de fatos) que me levou até o processo que desmanchou o Programa Fome Zero, primeiro projeto nacional que se tentou levar a cabo desde o descobrimento, mas foi soterrado pelo próprio governo em acordos intestinos.
Passo a passo desde 2004 até 2010 notei que havia, de fato, uma linha lógica (de causalidade sistêmica, recursiva e em rede) com aquelas bases que mencionei, mas ainda não estava claro como se daria o processo de nova conformação política para o território brasileiro. Só nos primeiros meses de 2011 consegui concatenar os fatos e caminhos, na percepção de que haveria algo próximo ao seguinte roteiro:

1- a criação de um sentimento popular de desgosto e desgaste quanto a toda forma de governabilidade, devido principalmente à frustração pela facilidade de acesso ao crédito bancário sem base microeconômica para suprir as dívidas individuais dos menores estratos de renda (efeito da crise econômica = prejuízo das pessoas, lucro recorde dos bancos);
2- a inauguração de um movimento mundial de reconhecimento das violações de direitos humanos no Brasil, principalmente direitos indígenas (como foi e continua sendo o holocausto indígena no Brasil, que ganhou particular atenção nas redes sociais de todo o mundo com os terríveis episódios contra os Kaiowa no Mato Grosso do Sul);
3- a eclosão de um tipo de movimentação social engendrada com o perfeito fim de construir um sentimento popular de "o gigante acordou" (as marchas de 2013);
4- a descaracterização pública e ridicularização, pela mídia, desse sentimento de "o gigante acordou", fazendo com que se transformasse em revolta contida, fomentando a inflamação que antecede a fúria, aumentada ainda pela sensação de impotência particular e incompetência nacional (como por exemplo, o "evento 7x1");
5- o início da declaração de um golpe branco, onde o reconhecimento da autoridade governamental vai sendo minado aos poucos desde dentro da própria estrutura de governo (a luta fictícia contra o golpe comunista bolivariano);
6- a criação do poder gerador de uma guerra civil, uma luta fratricida, que é a cisão NÓS X ELES, de caráter político (esquerda X direita), religioso (Povo de Deus X Impuros), econômico (pobres x ricos), não culminada nas eleições gerais de 2014, mas em franca ascensão;
7- a expectativa popular de intervenção interna, apoiada e supervisionada por intervenções externas (pedidos públicos de intervenção militar);
8- a consolidação da transferência não constitucional de autoridade sobre o governo, seguida de apoio popular imediato, mas que logo será frustrado (impeachment);
9- o agravamento das condições que geraram a insatisfação popular, culminando no ponto de fúria (possível risco de guerra civil interna - MOMENTO ATUAL);
10- um movimento de coalizão multisetorial/multilateral para intervir politicamente e militarmente junto à população, tomando controle sobre o território, que será negado e rechaçado pela população, agora inflamada;
11- o prologamento da situação de instabilidade política interna, que por justificativa econômica validaria a intervenção multilateral;
12- o esfacelamento da idéia de "território contíguo", em pacto semelhante à partilha da África, constituindo finalmente a nova conformação geopolítica face às mudanças climáticas.


Compartilho essa percepção com vocês, na expectativa de que junto comigo possamos refletir sobre o futuro próximo e distante do nosso país, e também do próprio momento atual da civilização.

A linha editorial da defesa do impeachment


Achar que a Globo, o Estadão, a Folha e todas as demais mega empresas do ramo da notícia abandonaram a linha editorial da defesa do impeachment da Dilma porque tem uma "responsabilidade política com o país", por não quererem "deixar o Brasil nas mãos de um aventureiro", por defenderem a "via segura da institucionalidade" ou porque sentiram a "reação do governo e da sociedade para defender a Dilma", me desculpem os mais otimistas, mas acho tudo isso uma grande fantasia. Para mim é bem mais simples: chegaram no seu preço. E não digo aqui valores de verbas de publicidade. Isso seria, novamente, uma simplificação. O que se acerta nas altas cúpulas são interesses de classe e, desde o primeiro dia (ou até antes), o que estava em jogo era o "ritmo do ajuste". Não bastava somente a indicação do Levy, da Katia Abreu, do Armando Monteiro, manter o Tombini, aumentar as taxas de juros, cortar gastos sociais e mudar algumas regras previdenciárias. Tratava-se de apagar qualquer vestígio do petismo do governo. Sim, mesmo que uma fagulha daquele PT dos milhões que saíram às ruas para eleger a Dilma no segundo turno, que renovava sonhos e esperanças, precisava ser contido para atender às demandas do mercado. E mesmo que tenhamos visto muito pouco desse PT nos sete primeiros meses do governo, ainda assim vimos um evidente descompasso no ritmo das contra-reformas exigidas pelo mercado e as medidas adotadas pelo governo e a base petista no Congresso. Basta comparar a agressividade das medidas adotadas pelos governadores da oposição, muito mais brutais para a sociedade, em especial para os servidores públicos, para entender o que o mercado espera da Dilma. A grande preocupação, caso eu esteja certo (e todos os meus amigos otimistas com os motivos mais nobres que mudaram as manchetes dos jornais essa semana), é qual será o preço dessa "paz". Qual foi o acordo possível para acalmar os achacadores? A resposta, e espero que eu seja o errado nessa história, será conhecida nos próximos lances deste complexo jogo no tabuleiro da política.


 André Castelo Branco Machado
"Não se prende todo mundo. Prende-se apenas aqueles que podem interessar a uma narrativa ditada pela mídia. Há uma nítida seletividade política: tucanos podem ser flagrados com helicópteros portando meia tonelada de cocaína, podem comprar reeleição, podem receber propinas bilionárias de cartel de trens, podem cometer o crime de não expandir a infra-estrutura hídrica do estado mais populoso do país, podem dar centenas de bilhões para banqueiros incompetentes, podem segurar o câmbio para ganhar eleições e, com isso, secar nossas reservas internacionais, podem usar o BNDES para emprestar dinheiro a empresas estrangeiras comprarem nossas estatais, podem construir aeroportos em terras da família, podem fazer tudo, enfim."

 Miguel do Rosário

E aí?


http://www.ocafezinho.com/…/o-pt-e-o-paradoxo-do-republic…/…