Achar que a Globo, o Estadão, a Folha e todas as demais mega
empresas do ramo da notícia abandonaram a linha editorial da defesa do
impeachment da Dilma porque tem uma "responsabilidade política com o
país", por não quererem "deixar o Brasil nas mãos de um
aventureiro", por defenderem a "via segura da
institucionalidade" ou porque sentiram a "reação do governo e da
sociedade para defender a Dilma", me desculpem os mais otimistas, mas acho
tudo isso uma grande fantasia. Para mim é bem mais simples: chegaram no seu
preço. E não digo aqui valores de verbas de publicidade. Isso seria, novamente,
uma simplificação. O que se acerta nas altas cúpulas são interesses de classe
e, desde o primeiro dia (ou até antes), o que estava em jogo era o "ritmo
do ajuste". Não bastava somente a indicação do Levy, da Katia Abreu, do
Armando Monteiro, manter o Tombini, aumentar as taxas de juros, cortar gastos
sociais e mudar algumas regras previdenciárias. Tratava-se de apagar qualquer
vestígio do petismo do governo. Sim, mesmo que uma fagulha daquele PT dos
milhões que saíram às ruas para eleger a Dilma no segundo turno, que renovava
sonhos e esperanças, precisava ser contido para atender às demandas do mercado.
E mesmo que tenhamos visto muito pouco desse PT nos sete primeiros meses do
governo, ainda assim vimos um evidente descompasso no ritmo das contra-reformas
exigidas pelo mercado e as medidas adotadas pelo governo e a base petista no
Congresso. Basta comparar a agressividade das medidas adotadas pelos
governadores da oposição, muito mais brutais para a sociedade, em especial para
os servidores públicos, para entender o que o mercado espera da Dilma. A grande
preocupação, caso eu esteja certo (e todos os meus amigos otimistas com os
motivos mais nobres que mudaram as manchetes dos jornais essa semana), é qual
será o preço dessa "paz". Qual foi o acordo possível para acalmar os
achacadores? A resposta, e espero que eu seja o errado nessa história, será
conhecida nos próximos lances deste complexo jogo no tabuleiro da política.
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