quarta-feira, 12 de agosto de 2015

A linha editorial da defesa do impeachment


Achar que a Globo, o Estadão, a Folha e todas as demais mega empresas do ramo da notícia abandonaram a linha editorial da defesa do impeachment da Dilma porque tem uma "responsabilidade política com o país", por não quererem "deixar o Brasil nas mãos de um aventureiro", por defenderem a "via segura da institucionalidade" ou porque sentiram a "reação do governo e da sociedade para defender a Dilma", me desculpem os mais otimistas, mas acho tudo isso uma grande fantasia. Para mim é bem mais simples: chegaram no seu preço. E não digo aqui valores de verbas de publicidade. Isso seria, novamente, uma simplificação. O que se acerta nas altas cúpulas são interesses de classe e, desde o primeiro dia (ou até antes), o que estava em jogo era o "ritmo do ajuste". Não bastava somente a indicação do Levy, da Katia Abreu, do Armando Monteiro, manter o Tombini, aumentar as taxas de juros, cortar gastos sociais e mudar algumas regras previdenciárias. Tratava-se de apagar qualquer vestígio do petismo do governo. Sim, mesmo que uma fagulha daquele PT dos milhões que saíram às ruas para eleger a Dilma no segundo turno, que renovava sonhos e esperanças, precisava ser contido para atender às demandas do mercado. E mesmo que tenhamos visto muito pouco desse PT nos sete primeiros meses do governo, ainda assim vimos um evidente descompasso no ritmo das contra-reformas exigidas pelo mercado e as medidas adotadas pelo governo e a base petista no Congresso. Basta comparar a agressividade das medidas adotadas pelos governadores da oposição, muito mais brutais para a sociedade, em especial para os servidores públicos, para entender o que o mercado espera da Dilma. A grande preocupação, caso eu esteja certo (e todos os meus amigos otimistas com os motivos mais nobres que mudaram as manchetes dos jornais essa semana), é qual será o preço dessa "paz". Qual foi o acordo possível para acalmar os achacadores? A resposta, e espero que eu seja o errado nessa história, será conhecida nos próximos lances deste complexo jogo no tabuleiro da política.


 André Castelo Branco Machado

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