terça-feira, 24 de outubro de 2017

1917: Apresentado o projeto da Lei Seca nos EUA


Em 8 de setembro de 1917, foi apresentado à Câmara dos Representantes nos EUA o projeto da 18ª emenda constitucional sugerindo a completa proibição de bebidas alcoólicas. A Lei Seca entraria em vigor dois anos depois.


Com o projeto apresentado no dia 8 de setembro de 1917 à Câmara dos Representantes, e que só entraria em vigor dois anos depois, começou uma nova era na história dos Estados Unidos, caracterizada pela proibição das bebidas alcoólicas.

A lei que vigorou no país por quase 14 anos condenava "a fabricação, a venda, o transporte, a importação e a exportação de bebidas alcoólicas em toda a área dos Estados Unidos e dos territórios judicialmente submetidos a eles".

Implementada com o propósito de proteger os cidadãos dos perigos gerados pelo consumo do álcool, a chamada Lei Seca acabou por provocar a disseminação de um mal ainda mais perigoso: o crime organizado. Bebidas alcoólicas passaram a ser traficadas em grande escala. Bandos rivais de criminosos de Nova York e Chicago controlavam cadeias de destilarias e bares no país. A prostituição acompanhava com frequência o consumo ilegal do álcool.

Pode-se dizer que um grupo de mulheres foi responsável pela introdução da Lei Seca nos Estados Unidos. Ainda em 1874, as participantes da conservadora União Feminina de Temperança Cristã invadiam bares e restaurantes do país como guerrilheiras carregando a bandeira da proibição do álcool. Com machados e porretes em punho, elas destruíam todo líquido que viam engarrafado.

Produtores rurais e Igrejas puritanas

Brevemente essas mulheres encontrariam o apoio dos homens às suas ideias através da Liga Antibares, formada por produtores rurais conservadores, liderados pelas Igrejas puritanas. No final do século 19, a Associação Republicana dos Abstinentes já havia conseguido implantar leis contra o álcool em alguns estados norte-americanos.

Apesar de todas as proibições, a vontade de consumir bebidas alcoólicas não foi banida dos EUA, mas apenas levada à ilegalidade. A partir da entrada em vigor da Lei Seca, uma pessoa morria por dia na guerra das quadrilhas controladoras do tráfico. A indústria de bebidas clandestinas proliferou por todo o país.

A eclosão da Primeira Guerra Mundial colocou, no entanto, o argumento decisivo na boca dos inimigos do álcool. Segundo eles, cereais, levedo, malte a açúcar eram alimentos básicos e não poderiam ser desperdiçados na fabricação de bebidas alcoólicas em tempos de guerra. Além disso, cerveja e vinho seriam produtos típicos da Alemanha inimiga. Seu consumo, logo, um ato pouco patriótico.

Elite universitária e contrabando

Entre as várias maneiras encontradas pelos cidadãos para burlar a proibição ao consumo do álcool destacou-se a reação dos estudantes da aristocrática Universidade de Yale, que trataram de fazer com que gângsters importassem para eles um estoque de uísque escocês para os 14 anos seguintes.

Conhecidos como bootlegger (cano da bota, numa referência à maneira como os pioneiros haviam um dia traficado álcool para os índios), os contrabandistas ampliavam cada vez mais seus negócios. O grande chefão, Alfonso "Al" Capone, entraria para a história como um dos maiores criminosos de todos os tempos. No entanto, não foi possível à Justiça norte-americana provar nenhum de seus atos. Al Capone, que se auto-intitulava "vendedor de móveis antigos", foi processado uma única vez – por sonegação de impostos.

Em dezembro de 1933, o então presidente dos EUA Franklin Roosevelt reconheceu a insensatez da proibição de bebidas alcoólicas no país. A medida, que seu antecessor Herbert Hoover havia chamado de uma "grande experiência social e econômica", foi abolida por Roosevelt em 5 de dezembro de 1933, levando boa parte do crime organizado à falência.

Autoria Catrin Möderler (sv)


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1956: Rebelião popular na Hungria


Em 23 de outubro de 1956 irrompeu na Hungria a rebelião popular contra o regime stalinista. O reformista Imre Nagy tornou-se primeiro-ministro, iniciou mudanças no país e anunciou a retirada do Pacto de Varsóvia.

 Integrantes do protesto que levou à rebelião na Hungria (d.) passam por tanque soviético no centro de Budapeste

A rebelião na Hungria em 1956

No início de 1956, o presidente soviético Nikita Khruchov havia condenado os métodos da era Stalin, reaquecendo as esperanças de mais autonomia nos países-satélites. Em solidariedade aos trabalhadores poloneses que protestavam nas ruas, os universitários húngaros derrubaram uma estátua de Josef Stalin, numa manifestação em 23 de outubro. O protesto estudantil culminou em rebelião popular contra o domínio soviético.

Até partes das Forças Armadas e da polícia húngara participaram dos violentos protestos. Cem mil manifestantes invadiram a central do Partido Comunista, exigindo eleições livres e o fim do stalinismo. Até aí, as tropas soviéticas estacionadas em Budapeste apenas observavam os acontecimentos.

Retorno do reformista Imre Nagy

Por simbolizar "um novo rumo" do socialismo em Budapeste, o reformista Imre Nagy – que já fora primeiro-ministro de 1953 a 1955 – foi pouco a pouco conquistando o controle da população rebelada, assumindo novamente a chefia do governo.

No começo de novembro, Nagy abriu as fronteiras, introduziu o pluripartidarismo, extinguiu a censura e anunciou a retirada da Hungria do Pacto de Varsóvia, a aliança militar dos comunistas durante a Guerra Fria. Nesse momento, as tropas da repressão soviética já estavam a caminho de Budapeste. Moscou de forma nenhuma toleraria a escapada de um de seus satélites.

Resistência dentro do próprio governo

János Kádár, primeiro-secretário do Partido Comunista e membro do gabinete de Nagy, revogou os poderes do primeiro-ministro e começou a negociar com Moscou. A resistência contra o Exército Vermelho durou dois dias e custou a vida de 3 mil pessoas. Em vão, Nagy invocou o apoio das Nações Unidas, mas a comunidade internacional estava então voltada para a crise no Canal de Suez.
No dia 7 de novembro, Kádár retornou a Budapeste como novo chefe de governo. Nagy e alguns assessores e ministros refugiaram-se na embaixada da então Iugoslávia, onde passaram três semanas cercados por tanques soviéticos. Eles só deixaram a embaixada porque Kádár lhes prometeu impunidade. Promessa falsa, porque Nagy foi preso pelo KGB e deportado para a Romênia por negar-se a renunciar ao cargo que ocupava em Budapeste.

Reabilitação tardia de Nagy

Num processo sumário, ele e alguns ministros foram condenados e executados em 16 de junho de 1958. Para que ninguém o venerasse na sepultura, ele e outras 2 mil pessoas foram enterrados em vala comum. Imre Nagy só foi reabilitado e sepultado numa cerimônia oficial em 1989, após o fim do regime Kádár.

O longo governo de Kádár trouxe estabilidade e crescimento à Hungria. A liberalização da economia a tornou precursora da Perestroika, o programa de reformas adotado em meados dos anos 1980 pelo presidente soviético Mikhail Gorbatchov. (rw)



1958: Execução do então primeiro-ministro húngaro Imre Nagy
No dia 16 de junho de 1958, foi executado o ex-primeiro-ministro da Hungria, Imre Nagy. 

Autoria
Assuntos relacionados Zsa Zsa Gabor, Puskas, Massacre em Manaus

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1968: Martin Luther King é assassinado



No dia 4 de abril de 1968, o Nobel da Paz de 1964, Martin Luther King, morre ao ser baleado em Memphis, nos Estados Unidos.


Em dois atentados anteriores, o reverendo Martin Luther King conseguira escapar por pouco da morte. O negro que tanto se engajou pela igualdade de direitos nos Estados Unidos nas décadas de 1950 e 1960 alcançou apenas os 39 anos de idade.

No dia 4 de abril de 1968, foi assassinado com um tiro na sacada de um hotel em Memphis. O autor do disparo teria motivos supostamente racistas. Em dezembro de 1999, no entanto, um processo civil no Estado do Tennessee chegou à conclusão de que sua morte foi planejada por membros da máfia e do governo norte-americano.

Que homem era este que conseguiu dividir uma nação e ser amado e odiado ao mesmo tempo? Para melhor entendê-lo, precisamos nos situar no contexto dos Estados Unidos em plena década de 50: uma superpotência em plena Guerra Fria, uma nação rica, um país racista.

O país que se considerava modelo de democracia e liberdade, mas seus habitantes eram classificados de acordo com a raça. Os negros eram discriminados em todos os setores: na política, na economia e no aspecto social.

Boicote de ônibus

Os negros norte-americanos não podiam votar, eram chamados pejorativamente de "nigger" e "boy", seu trabalho não era devidamente remunerado, e as agressões dos brancos eram rotina. Até que, em dezembro de 1955, em Montgomery, a costureira negra de 52 anos Rosa Parks resolveu não ceder seu lugar num ônibus para um passageiro branco.

Parks foi presa e, em decorrência, Martin Luther King, pastor da cidade, conclamou um boicote dos negros aos ônibus. Em um ano, tornou-se tão conhecido no país que assumiu a liderança do movimento negro norte-americano.

O boicote aos ônibus foi apenas o começo. Seguiram-se as marchas de protesto de King e milhares de defensores dos direitos civis em todo o país, acompanhadas de violações conscientes da legislação racista. Usavam, por exemplo, as salas de espera e os restaurantes reservados aos brancos. Nem a violenta repressão policial enfraqueceu o movimento.

"Temos que levar nossa luta adiante, com dignidade e disciplina. Não podemos permitir que nosso protesto degenere em violência física", advertia o pastor batista, não se deixando provocar pela ordem pública.
EUA divididos para brancos e negros

Ele manteve esta filosofia, mesmo quando os 1.100 participantes do movimento negro radical exigiram a divisão dos Estados Unidos em dois, para brancos e negros, na Black Power Conference, em 1967.

Vinte e quatro horas antes de sua morte, Martin Luther pronunciou o célebre discurso em que anunciava ter avistado a terra prometida. "Talvez eu não consiga chegar com vocês até lá, mas quero que saibam que nosso povo vai atingi-la", declarou ele, como se previsse a proximidade da morte.
Seu assassinato provocou consternação internacional. As inquietações raciais se agravaram em Chicago e Washington. Depois de anunciar o fim dos bombardeios no Vietnã e sua desistência de se recandidatar à Casa Branca, o presidente Lyndon Johnson chegou a adiar uma viagem ao exterior.
Em memória a King, no ano de 1983, os Estados Unidos tornaram feriado nacional a terceira segunda-feira de janeiro (ele havia nascido em 15 de janeiro de 1929).

1955: Rosa Parks se recusa a ceder lugar a um branco nos EUA 

Autoria Rachel Gessat (rw)

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1931: Al Capone era condenado por sonegação de impostos


Em 24 de outubro de 1931, Al Capone foi condenado a 11 anos de prisão e multa de 50 mil dólares por sonegar impostos. O filho de imigrantes italianos ascendeu a líder entre as gangues do submundo norte-americano.


Al Capone em 1931

Nascido a 17 de janeiro de 1899, no Brooklyn, em Nova York, filho de imigrantes da Sicília, Alphonse "Al" Capone foi um dos mais famosos chefões da máfia nos Estados Unidos. Cercado de miséria e criminalidade, conheceu cedo a violência e a brutalidade. Uma cicatriz adquirida numa briga com facas valeu-lhe o apelido de "Scarface".

Quando o pai faleceu, em 1920, Al Capone mudou-se para Chicago, onde queria tentar a sorte ao lado do poderoso chefe de gangue italiano Johnny Torrio, que explorava o comércio ilegal de bebidas alcoólicas, a prostituição e salões de jogos.

Capone cresceu rapidamente e, em pouco tempo, tornou-se um mito entre os criminosos americanos. Seus grandes inimigos eram os bandos irlandeses do norte da cidade, com os quais os italianos travaram uma verdadeira guerra em meados dos anos 1920.

O ferimento de Torrio numa destas brigas, com um bando de Bugs Moran, trouxe-lhe a aposentadoria prematura. Al Capone, entrementes o homem mais poderoso do submundo do crime, jurou vingança. No dia 14 de fevereiro de 1929, assassinos profissionais executaram sete membros importantes do bando de Moran.

Profissão: vendedor de antiguidades

A polícia logo desconfiou de quem poderia estar por trás dos crimes, mas não tinha provas. Al Capone tinha um álibi para o momento do crime. Durante vários dias, o assunto ocupou a imprensa norte-americana. A Casa Branca resolveu, então, encarregar o chefe do FBI pessoalmente de investigar todos os detalhes dos negócios de Al Capone. Oficialmente, ele era vendedor de antiguidades. Sabia-se que faturava mais de três milhões de dólares por ano, mas não pagava impostos.

Os investigadores reviraram a contabilidade do gângster para, em 1931, chegarem à conclusão de que Al Capone devia mais de 200 mil dólares ao fisco. Para o que a promotoria pediu 34 anos de prisão. Os advogados de Capone tentaram em vão a redução da pena junto ao juiz James Wilkerson, que não se deixou subornar. Até a tentativa de compra dos jurados falhou, pois o juiz substituiu todos eles na última hora.

A sentença contra "o rei de Chicago", no dia 24 de outubro de 1931, foi de 11 anos de prisão por sonegação de impostos. Dois anos foram cumpridos num presídio em Atlanta, depois ele foi levado à prisão de segurança máxima de Alcatraz, onde os médicos atestaram que tinha sífilis. Por causa da saúde precária e de sua boa conduta, foi posto em liberdade em 1937.

Ele morreu em 1947, em Miami, na Flórida, mas foi enterrado em Chicago. Na sepultura, as palavras: "Alphonse Capone, 1899-1947, My Jesus Mercy (Misericórdia, meu Jesus)".
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Autoria Jens Teschke (rw)
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