Genealogia política do Desembargador João Pedro Gebran Neto,
TRF4. Genealogias revelam quem somos e como é feita a estrutura social. Gebran
Neto é filho de Antonio Sebastião da Cunha Gebran, advogado, que começou a
trabalhar com 14 anos de idade na Assembleia Legislativa do Paraná até alcançar
o cargo de Diretor-Geral em 1979. Faleceu em 2004, antes do escândalo dos
Diários Secretos ainda impunes. Naquela época dos avôs, antes dos concursos,
era comum que filhos de altos funcionários começassem a trabalhar cedo nas
instituições dos pais, na ALEP, no Tribunal de Contas, no Tribunal de Justiça,
nos cartórios, na mídia, como podem ler no nosso livro "Na Teia do
Nepotismo". Antonio Sebastião era sócio e foi diretor do Clube Curitibano.
Participou da OAB e foi ex-presidente da Caixa de Assistência dos Advogados.
Profissional respeitado naquele meio e nome de praça em um dos lugares mais
pobres, carentes e de alta criminalidade em Curitiba, na Cidade Industrial. A
população mais negra, índia, mestiça no entorno da praça, é bem desigual e
diferente da população e dos luxos dos Tribunais. O logradouro homenageando o
pai de Gebran Neto foi proposto pelo vereador Felipe Braga Cortes, com quem
Gebran Neto participou de movimentos políticos na juventude. A mãe do
Desembargador Gebran Neto é Maria de Lourdes Pires Gomes, filha de Alcyon Pires
Gomes, do comércio. O avô paterno, João Pedro Gebran, também foi Diretor-Geral
da Assembleia Legislativa do Paraná desde 1955, antes fora Diretor dos Serviços
Legislativos e no Estado Novo foi Secretário do Conselho Administrativo do
Paraná. O casamento de João Pedro Gebran, em 1924, é que abriu as portas da
classe dominante tradicional paranaense. Fenômeno conhecido em que jovens de
origem migrante, no caso Libanês, com potencial e bem sucedidos, casam com
jovens das velhas famílias do "Antigo Regime", que assim se prolongam
e cooptam os novos elementos. Gebran passou também a se relacionar com a
poderosa e antiga rede social e política de sua esposa, Francisca Cunha, a
Chiquinha, filha do Coronel Francisco Cunha, Prefeito da Lapa na República
Velha (Genealogia Paranaense, IV, 390). O avô do Coronel Francisco Cunha foi o
Comendador Manuel Antonio da Cunha, primeiro Prefeito da Lapa, em 1833, por sua
vez casado com Joaquina Teixeira Coelho, filha do 1º Capitão-Mor da Lapa, ainda
no período Colonial, o português Francisco Teixeira Coelho. Todas essas
famílias do poder local da Lapa, com origens históricas no latifúndio
escravista, eram aparentadas entre si, a família Braga, do Governador Ney
Braga, a família Lacerda, do Reitor e Ministro da Educação no começo da
Ditadura, Flávio Suplicy de Lacerda e outras. Como as mesmas famílias controlam
o poder executivo, legislativo e judiciário ao longo de suas genealogias. Como
a estrutura social do século XVIII é reproduzida e transmitida ao longo das
gerações e dos casamentos. Como o antigo, arcaico e tradicional convive com o
novo, moderno e as mudanças continuam e preservam a dinâmica social de exclusão
do passado. Gebran Neto vai ser o relator e vai julgar Lula, já condenado
arbitrariamente, politicamente e sem nenhuma prova por Moro, em mais uma típica
manifestação de lawfare desse poder judiciário ? O que pode acontecer de novo ?
Com a palavra nos autos Gebran Neto. Na foto, na minha casa, Raymundo Faoro
poderia nos referir como filhos do estamento burocrático transitando pelo
tempo. Colegas do Colégio Militar de Curitiba, 1976, Villas Boas, médico,
Gebran Neto, desembargador, Mussi, FAB, Ricardo, sociólogo e genealogista. Para
(re)conhecer este fenômeno genealógico devemos estar familiarizados e presentes
ao lado dele.
RCO