segunda-feira, 24 de julho de 2017

Genealogia política do Desembargador João Pedro Gebran Neto, TRF4. Genealogias revelam quem somos e como é feita a estrutura social. Gebran Neto é filho de Antonio Sebastião da Cunha Gebran, advogado, que começou a trabalhar com 14 anos de idade na Assembleia Legislativa do Paraná até alcançar o cargo de Diretor-Geral em 1979. Faleceu em 2004, antes do escândalo dos Diários Secretos ainda impunes. Naquela época dos avôs, antes dos concursos, era comum que filhos de altos funcionários começassem a trabalhar cedo nas instituições dos pais, na ALEP, no Tribunal de Contas, no Tribunal de Justiça, nos cartórios, na mídia, como podem ler no nosso livro "Na Teia do Nepotismo". Antonio Sebastião era sócio e foi diretor do Clube Curitibano. Participou da OAB e foi ex-presidente da Caixa de Assistência dos Advogados. Profissional respeitado naquele meio e nome de praça em um dos lugares mais pobres, carentes e de alta criminalidade em Curitiba, na Cidade Industrial. A população mais negra, índia, mestiça no entorno da praça, é bem desigual e diferente da população e dos luxos dos Tribunais. O logradouro homenageando o pai de Gebran Neto foi proposto pelo vereador Felipe Braga Cortes, com quem Gebran Neto participou de movimentos políticos na juventude. A mãe do Desembargador Gebran Neto é Maria de Lourdes Pires Gomes, filha de Alcyon Pires Gomes, do comércio. O avô paterno, João Pedro Gebran, também foi Diretor-Geral da Assembleia Legislativa do Paraná desde 1955, antes fora Diretor dos Serviços Legislativos e no Estado Novo foi Secretário do Conselho Administrativo do Paraná. O casamento de João Pedro Gebran, em 1924, é que abriu as portas da classe dominante tradicional paranaense. Fenômeno conhecido em que jovens de origem migrante, no caso Libanês, com potencial e bem sucedidos, casam com jovens das velhas famílias do "Antigo Regime", que assim se prolongam e cooptam os novos elementos. Gebran passou também a se relacionar com a poderosa e antiga rede social e política de sua esposa, Francisca Cunha, a Chiquinha, filha do Coronel Francisco Cunha, Prefeito da Lapa na República Velha (Genealogia Paranaense, IV, 390). O avô do Coronel Francisco Cunha foi o Comendador Manuel Antonio da Cunha, primeiro Prefeito da Lapa, em 1833, por sua vez casado com Joaquina Teixeira Coelho, filha do 1º Capitão-Mor da Lapa, ainda no período Colonial, o português Francisco Teixeira Coelho. Todas essas famílias do poder local da Lapa, com origens históricas no latifúndio escravista, eram aparentadas entre si, a família Braga, do Governador Ney Braga, a família Lacerda, do Reitor e Ministro da Educação no começo da Ditadura, Flávio Suplicy de Lacerda e outras. Como as mesmas famílias controlam o poder executivo, legislativo e judiciário ao longo de suas genealogias. Como a estrutura social do século XVIII é reproduzida e transmitida ao longo das gerações e dos casamentos. Como o antigo, arcaico e tradicional convive com o novo, moderno e as mudanças continuam e preservam a dinâmica social de exclusão do passado. Gebran Neto vai ser o relator e vai julgar Lula, já condenado arbitrariamente, politicamente e sem nenhuma prova por Moro, em mais uma típica manifestação de lawfare desse poder judiciário ? O que pode acontecer de novo ? Com a palavra nos autos Gebran Neto. Na foto, na minha casa, Raymundo Faoro poderia nos referir como filhos do estamento burocrático transitando pelo tempo. Colegas do Colégio Militar de Curitiba, 1976, Villas Boas, médico, Gebran Neto, desembargador, Mussi, FAB, Ricardo, sociólogo e genealogista. Para (re)conhecer este fenômeno genealógico devemos estar familiarizados e presentes ao lado dele.
RCO

Nenhum comentário: