quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013
PALAVRAS
SYLVIA PLATH .
Golpes
De machado na madeira,
E os ecos!
Ecos que partem
A galope.
A seiva
Jorra como pranto, como
Água lutando
Para repor seu espelho
Sobre a rocha
Que cai e rola,
Crânio branco
Comido pelas ervas.
Anos depois, na estrada,
Encontro
Essas palavras secas e sem rédeas,
Bater de cascos incansável.
Enquanto do fundo do poço, estrelas fixas
Decidem uma vida.
(tradução de Ana Cristina César, poeta brasileira )
Golpes
De machado na madeira,
E os ecos!
Ecos que partem
A galope.
A seiva
Jorra como pranto, como
Água lutando
Para repor seu espelho
Sobre a rocha
Que cai e rola,
Crânio branco
Comido pelas ervas.
Anos depois, na estrada,
Encontro
Essas palavras secas e sem rédeas,
Bater de cascos incansável.
Enquanto do fundo do poço, estrelas fixas
Decidem uma vida.
(tradução de Ana Cristina César, poeta brasileira )
OUTRO NASCIMENTO
Forough Farrokhzad/ Tradução livre inglês para o português realizada por Gabriela Galli, a partir do livro Once again, Another Birth. Editor: Tofighafarin, Irã.
Todo o meu ser é um cântico escuro
a perpetuar você
cântico que o levará ao amanhecer de eterno crescer e
desabrochar
Neste cântico eu suspirei você, suspirei.
Neste cântico eu uni você à árvore, à água, ao
fogo.
A vida é talvez
uma longa estrada através da qual, uma mulher
carregando um cesto, passa todos os dias
A vida é talvez
uma corda com que um homem se pendura num galho
a vida é talvez uma criança voltando da escola.
A vida é talvez acender um cigarro,
repouso entorpecido entre dois atos de amor,
ou um passante confuso
que tira o chapéu para outro passante
com um sorriso vazio e um “bom dia”.
A vida é talvez o momento sem saída
quando meu olhar se destrói nos raios da iris dos
seus olhos
e nisso há um sentimento
que se mescla à percepção da Lua
e da escuridão.
Numa sala, do mesmo tamanho que a solidão,
meu coração é tão grande quanto o amor
que olha os simples pretextos da sua felicidade
na bela decadência das flores de um vaso
nos brotos que você plantou no nosso jardim,
na canção dos canários
que cantam na medida da janela.
Ah
esta é a parte que me cabe
esta é a parte que me cabe
parte que me cabe
é um céu que, quando cai
a cortina, é arrancado de mim.
A parte que me cabe desce uma escada sem uso
e alcança certa podridão e nostalgia.
A parte que me cabe é um passeio triste no jardim
de memórias
ao deixar a vida na dor de uma voz que me diz:
Eu gosto das suas mãos.
lantarei minhas mãos no jardim
e vou germinar, eu sei, eu sei, eu sei
e andorinhas botarão ovos
na cavidade manchada de tinta dos meus dedos.
Vestirei um par de cerejas vermelhas e idênticas,
como brincos,
e enfeitarei com pétalas de dálias, as minhas
unhas.
Há uma rua
onde os meninos que eram apaixonados por mim
demoram-se, ainda, com os mesmos cabelos
despenteados,
pescoços finos e pernas magras.
Pensar no sorriso inocente de uma menina
que uma noite foi levada pelo vento.
Há uma rua
que meu coração roubou
dos bairros da minha infância.
Ao longo do tempo, a viagem de uma forma
insemina a linha seca do tempo,
uma forma consciente de uma imagem
voltando de uma festa num espelho.
E é dessa forma
que alguém morre
ou continua a viver.
Nenhum pescador achará uma pérola num miserável
riacho
que deságua num açude.
Eu conheço uma triste fada,
que vive num mar imenso
e toca seus sentimentos mais profundos na flauta de
madeira,
pouco a pouco
uma pequenina e triste fada
morre com um beijo a cada noite
e renasce com um beijo a cada amanhecer.
GUARDADOS
Do tio que não conheci
tenho um pião de madeira
uma gravata de festa
e um retrato magro
coisas que me olham
quando me procuro
na inteireza das sobras
(poema de Graça Vilhena, poeta piauiense, de
Terezina, que está na 29ª postagem da série AS MULHERES POETAS NA LITERATURA
BRASILEIRA. )
Fonte Rubens Jardim
Eis o link para quem quiser ler mais http://www.rubensjardim.com/ blog.php?idb=35857
Da Leitura
Não leiais para refutar ou contradizer, para aceitar ou aquiescer, para perorar ou discursar, mas para ponderar e considerar. Certos livros devem ser provados; outros engolidos; uns poucos mastigados e digeridos. Quer dizer: devemos ler certos livros apenas parceladamente; outros incuriosamente, e uns poucos da primeira à última página, com diligência e atenção. Alguns livros podem mesmo ser lidos por terceiros, que nos farão deles um apanhado, mas isso somente no caso de assuntos desimportantes, e de livros medíocres, pois livros resumidos são como água destilada: insípidos. O ler faz um homem completo, o conferir destro, o escrever exato. Bem por isso, se alguém escreve pouco, deve ter boa memória; se confere pouco, muita sagacidade; se lê pouco, muita manha para afetar saber o que não sabe.
- Francis Bacon, in "Ensaios Civis e Morais"
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