quarta-feira, 28 de setembro de 2016

Candidato na frente das pesquisas em São Paulo, João Dória, João Agripino da Costa Dória Júnior, surge como o maior símbolo e fenômeno do atraso político, genealógico e pós-moderno de direita nestas eleições. Procede de algumas das mais antigas genealogias baianas, já estudadas por Francisco Antonio Doria, desde senhores de engenho escravistas, militares, burocratas, intelectuais. Filho de deputado federal e publicitário, João Dória, um dos inventores do dia dos namorados no Brasil, para ampliar vendas, sua mãe era prima próxima de Ruy Barbosa. Agora Dória Jr. declarou um patrimônio de quase 200 milhões, sempre subestimado, com muitas mansões, luxos cafonas e empresas de fachada. João representa o capitalismo imaterial contemporâneo imbricado no extrativismo estatal, marketing corporativo, editora de modas, alta gastronomia, programas em mídias e TVs. O grupo pouco produz de produtos físicos, além de articulações políticas e empresariais, como a LIDE, Grupo de Líderes Empresariais, conexões com o judiciário, como a famosa foto com o Juiz Moro. Seguem os típicos padrões comportamentais da classe dominante histórica brasileira, como o esbulho de terras públicas em Campos do Jordão, promiscuidade entre o público e o privado, sonegações, offshores, propriedades em Miami, Panama Papers. Na mesma chapa do PSDB entra como vice o deputado federal Bruno Covas, neto do ex-governador Mário Covas, fechando pesadamente o circuito oligárquico-familiar na disputa pela Prefeitura de São Paulo. Um retrato das elites sociais, econômicas, ideológicas e políticas brasileiras em 2016, no Brasil pós-golpe. Dialética entre o passado escravista para o capitalismo imaterial, pós-moderno, subordinado, excludente, contemporâneo do processo existencial da classe dominante brasileira.

RCO

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