terça-feira, 16 de abril de 2013


Já se recolheu o galo incerto, homem.
César Vallejo

Nem lua nem onda neste silêncio: só
teu cadáver — tua crista de ópio —, tua luz
de dia artificial em cada artéria.
Não nasces, bardo, tudo te ausenta
tigre na cal de sua úngula, mas
por si passa algo o peixe se crispa: sua linha
de pesca puxa a raia a reluzir o arpão de escamas,
a lira da dor; nem lua nem onda agora
uma eclosão de eclipse total; união
de eczema em ecce homo coroado,
coroado de quê? de espinhos, de espinhos
ulcerando (lesão dos tecidos vegetais)
lacerando o capitel nessa fricção
do que restringe e se dessangra: César
por exemplo; poliglota o peruano em seu alcatraz.
Ave! Não saias — disse — porque hoje
nem lua nem onda nem adeus; odeio
tanto deserto.

(Victor Sosa)


Tradução: Claudio Daniel e Luiz Roberto Guedes

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