Tens o crucifixo de muitas chuvas
cravado na palma da mão
com que matizas a terra
em tempos de kebur
Tempo finado
tempo fincado no peito da dor
disputando a sobra do cuntango
Tempo enlutado
tempo anoitecido
no entardecer da esperança
Na curvatura
do tambor onde expias o desespero
fizeram do teu corpo sepultura do medo
Negam-te o pedaço da tua tabanca
dão-te uma vida assalariada
taxam-te uns tantos por cento
para a sobrevivência autorizada
E não te chamas Cristo
e só pregas com o arado
Tony Tcheka
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