terça-feira, 15 de fevereiro de 2011

E NÃO TE CHAMAS CRISTO

Tens o crucifixo de muitas chuvas



cravado na palma da mão



com que matizas a terra



em tempos de kebur





Tempo finado



tempo fincado no peito da dor



disputando a sobra do cuntango



Tempo enlutado



tempo anoitecido



no entardecer da esperança





Na curvatura



do tambor onde expias o desespero



fizeram do teu corpo sepultura do medo





Negam-te o pedaço da tua tabanca



dão-te uma vida assalariada



taxam-te uns tantos por cento



para a sobrevivência autorizada





E não te chamas Cristo



e só pregas com o arado



Tony Tcheka

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