sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

1920: Lançado o programa do partido de Hitler


Em 24 de fevereiro de 1920, o Partido Alemão dos Trabalhadores apresentava um programa nacionalista, antissemita e anticapitalista. No mesmo dia, tornou-se Partido Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores (NSDAP).

                                                  Cartão de filiação no partido de Hitler 

                                               "Essa risível pequena criação, com seus poucos filiados, me pareceu ter a vantagem de ainda não ter se solidificado numa 'organização'. Aqui ainda se podia trabalhar, e, quanto menor o movimento fosse, tanto mais ele estaria apto para ser conduzido à forma certa. Aqui o conteúdo, o objetivo e o meio ainda podiam ser determinados." Palavras de Adolf Hitler em seu livro Mein Kampf (Minha luta).

A "risível pequena criação" mencionada era o Partido Alemão dos Trabalhadores (DAP), no qual Hitler ingressou em setembro de 1919. Como narra o historiador Eberhard Jäckel, de Stuttgart: "Era realmente um grupo muito pequeno e insignificante de Munique. Chamava-se então Partido Alemão dos Trabalhadores. Hitler entrou em contato com ele apenas alguns meses depois da fundação".

Adolf Hitler fazia parte de um comando militar que passou a controlar Munique após o breve período de regime socialista ali instaurado por Kurt Eisner, assassinado em fevereiro de 1919. Nesse mesmo ano, Hitler filiou-se ao pequeno partido, fundado pelo ferroviário Anton Drexler e o jornalista Karl Harrer. Não demorou para que assumisse a chefia do departamento de propaganda da agremiação. Sua influência sobre o partido foi tão grande, que escreveu de próprio punho o programa de 25 pontos, apresentado em 1920.
Reivindicações populistas

O programa exigia, em primeiro lugar, a unificação de todos os alemães numa Grande Alemanha. Exigia a aquisição de colônias e o cancelamento do Tratado de Versalhes, que selara a derrota alemã na Primeira Guerra Mundial. Além disso, só teria o direito de ser cidadão alemão quem tivesse "sangue alemão". Os não alemães não teriam acesso aos órgãos públicos e estariam sujeitos a leis especiais.

As diretrizes socialistas do programa concentravam-se na estatização das empresas e na exigência de participação nos lucros de grandes firmas. No aspecto da política interna, citava apenas palavras de ordem, sem oferecer estratégias definidas. Pregava, por exemplo, o combate "à mentira política" ou "melhorias na saúde da população".

Em suma, um apanhado de reivindicações populistas, apresentadas na época diante de 2 mil pessoas, na famosa cervejaria Hofbräuhaus de Munique. Hitler aproveitou para mudar o nome da facção para Partido Nacional-Socialista Alemão dos Trabalhadores (Nazionalsozialistische Deutsche Arbeiterpartei – NSDAP). Da abreviatura "Nazi", pela qual passou a ser identificado, vem o termo "nazista".

O pequeno grupo nazista começou a arregimentar elementos das mais variadas tendências e classes sociais. O próprio partido se via como "movimento", que representava os anseios da população. Um movimento em que Hitler foi tomando as rédeas, até assumir a presidência, em 1921.

Dois anos depois, fracassou na tentativa de golpe que ficou conhecida como "o putsch da cervejaria de Munique", para derrubar a República de Weimar. Hitler foi condenado a cinco anos de prisão, mas só cumpriu nove meses.

Resolveu então chegar ao poder através de eleições, e começou a reorganizar seu pequeno partido. Na grave crise econômica de 1929, a classe média e os industriais, temerosos do avanço do comunismo, viram a salvação nos nazistas. Em 1930, o partido foi o segundo mais votado no país, com 6,5 milhões de votos.

Heinz Dylong (rw)

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