Marcos Siscar
Editorial da Folha, hoje: a "governabilidade"
justifica a ilegalidade. E, em nome dela, teremos que aceitar o veredicto
(golpe). Não dá pra dizer que não está claro.
"A abreviação do mandato presidencial, por contrariar o
desejo expresso pelos eleitores, deveria ocorrer somente em circunstâncias
excepcionais, quando o detentor houvesse perdido todas as condições de seguir
governando e estivesse comprovado de maneira cabal o envolvimento direto do
chefe do Executivo nas irregularidades.
A defesa de Dilma alega que as decisões sobre pedaladas e
créditos suplementares foram tomadas por técnicos, e não pela petista, e que
tais expedientes já eram usuais na administração pública. Se a atribuição de
crime de responsabilidade a ela tem algo de questionável, sobressai o
descompasso entre a conduta que se pretende punir e a sanção extrema que será
imposta.
Ainda assim, 367 dos 513 deputados votaram pelo impeachment;
calcula-se que em torno de 60 senadores farão o mesmo. Supera-se com folga o
mínimo de dois terços exigido na Constituição, requisito alto o suficiente para
garantir que só presidentes já incapazes de governar se arriscam a perder o
cargo.
Dilma Rousseff está prestes a perder o seu. Após extenso
processo supervisionado pelo Supremo Tribunal Federal, o Senado definirá o
destino da petista —e não haverá motivo para recusar o veredicto."
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