'Em 1948, Israel matou milhares de inocentes e aterrorizou
outros milhares em nome da criação de um estado de maioria judaica numa terra
com 65% de árabes. Em 1967, desalojou centenas de milhares de palestinos
novamente, ocupando o território que até hoje controla, em grande medida, 47
anos depois.
Em 1982, numa cruzada para expulsar a Organização pela
Liberação da Palestina e extinguir o nacionalismo palestino, Israel invadiu o
Líbano, matando 17 mil pessoas, a maioria civis.
Desde os anos 80, com o levante da ocupação palestina, de
forma geral atirando pedras e organizando greves gerais, Israel prendeu dezenas
de milhares de palestinos: mais de 750.000 pessoas foram para prisões
israelenses desde 1967, um número equivalente a 40% da população adulta hoje.
Eles sairam da prisão com depoimentos de tortura,
fundamentados por grupos de direitos humanos como o B’tselem.
Durante a segunda intifada, que começou em 2000, Israel
invadiu novamente a Cisjordânia (de onde de fato nunca saiu). A ocupação e
colonização das terras palestinas continuou ininterruptamente através do
“processo de paz” dos anos 90, e até os dias de hoje. E, ainda assim, nos
Estados Unidos a discussão ignora esse contexto opressivo crucial, e está
sempre limitada à “auto-defesa” de Israel e à suposta responsabilidade de
palestinos por seu próprio sofrimento.
Nos últimos sete anos ou mais, Israel sitiou, atormentou e
atacou regularmente a Faixa de Gaza.
Os pretextos mudam: eles elegeram o Hamas; eles se recusam a
ser dóceis; eles se recusam a reconhecer Israel; eles lançam foguetes; eles
constroem túneis para contornar o estado de sítio etc.
Mas cada pretexto é uma falácia, porque a verdade dos guetos
– o que acontece quando você aprisiona 1,8 milhão de pessoas em 225 mil metros
quadrados, quase um terço da área da cidade de Nova York, com controle de
fronteiras, quase sem acesso ao mar para pescadores (apenas três de 20
quilômetros são permitidos, segundo o Acordo de Oslo), sem meio de entrada ou
saída e com mísseis guiados sobre suas cabeças noite e dia – é que eles
acabarão contra-atacando. Isso aconteceu em Soweto e Belfast e acontece em
Gaza'
--Por Rashid Khalidi, na New Yorker, via Viomundo
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