Sexta-feira, 05 de junho de 2015.
Proposta inaceitável & Brinde inacessível
(jorgeyared.blogspot.com)
Entendo que a proposta intermediada pelos deputados da base
aliada de Richa atende mais ao interesse do governo do que a dos professores e
deveria ser rechaçada. Percebam professores que os deputados que costuraram
esta proposta medíocre são os mesmos que enquanto vocês eram bombardeados em
frente à Assembléia, no último dia 29 de abril afirmavam que “o que acontecia lá
fora não era assunto deles”. Caso vocês aceitem, eles sairão como os grandes
vitoriosos da sua volta à sala de aula e, certamente ganharão algum dividendo
político junto às suas bases. Hoje leio uma notícia publicada no site da Gazeta
do Povo e a única coisa que me vem à cabeça é que a estratégia maquiavélica do
governo Richa infelizmente começa a dar resultado: O uso do tempo, da mídia e
das ameaças aliadas para desgastar o fator unidade (essencial) de um movimento
grevista. O que mais me chocou e surpreendeu em todo esse episódio foi o
posicionamento do Tribunal de Justiça do Paraná ao não acatar a legalidade do
movimento e aplicar multa diária ao sindicato da categoria desde as primeiras
horas da paralisação, um verdadeiro recorde mundial. Já naquele dia percebi que
os professores não teriam pela frente uma tarefa fácil, uma greve normal.
Diante de um governo violento e insensível mas, habilidoso nas articulações
entre os poderes, o sindicato e os milhares de professores passaram a contar
apenas com meia duzia de formadores de opinião para tentar mostrar à sociedade
que seu movimento alem de justo é necessário em defesa de um ensino público que
se depara com um elemento predador de conquistas históricas: O atual gestor
que, ao contrário de cumprir com promessas recentes de campanha, investe de
maneira violenta e inescrupulosa contra a categoria. Hoje os professores
indagam a si mesmos:
“Como vamos voltar para sala de aula?”
- A nossa previdência alterada;
- O trauma dos ataques de 29 de abril ainda impacta na
memória;
- O não respeito à data-base com reposição da inflação
garantida no primeiro dia do mês de maio permanece na proposta apresentada
pelos deputados de Richa;
- As ameaças e perseguição aos diretores que apoiaram a
greve também são uma realidade e, na prática, devem continuar caso ela cesse;
- E a questão dos descontos dos dias parados na folha.
O pior disso tudo é que, como resultado da propaganda
maciça, muita gente entende que é hora de os professores pararem com o
movimento. O que lamento é que, pela matéria que li (espero que não seja
verdade) a maior preocupação hoje da APP-Sindicato nas negociações passa a ser
se governo vai ou não descontar o salário e manter as faltas caso a categoria
decida pelo encerramento da greve, na terça-feira, dia 9 de junho.
Caso isso aconteça mesmo vejo como uma vitória dos
articuladores do mal sobre um justo movimento que nada mais solicita do que o
cumprimento da lei e o reconhecimento de conquistas importantes para a educação
pública.
Mas, o que fazer diante da má vontade e da insensibilidade
dos poderes que se uniram contra o movimento?
Esta greve dos professores públicos paranaenses será, sem
dúvida, emblemática pois atinge seriamente a confiança do povo em suas
instituições. Pelo menos a minha. Não é possível que um gestor público
violento, incompetente e desacreditado saia vencedor por entender que no jogo
do poder vence aquele que paga mais e/ou dá benefícios a quem lhe interessa. É
preciso que a sociedade entenda que o retorno das aulas nessas circunstâncias
não será benéfica para os estudantes e muito menos para a educação pública
paranaense. Os únicos a comemorar serão aqueles que com toda a certeza não têm,
nem terão seus filhos algum dia matriculados em uma escola estadual. Os mesmos
que preparam um brinde financeiramente inacessível aos professores, que com
toda certeza nada terão para comemorar. JoYa
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