- Em 2008 eu
colaborei para a tradução de um trabalho dos 100 anos da inicio da colonização
alemã na cidade; e entre os estudos, se descobriu que pejoração '' alemão
batata come queijo com barata'' veio daí. Em japoneses alemães e italianos,
tinham suas casas às vezes pichadas com insultos, e outros episódios
aviltantes. A avó de uma ex namorada minha , que era alemã e judia,contava q
recém chegada ao Brasil, um policial (próximo ao Palácio do Catete) abordou ela
e o marido, também judeu-alemão,e ao mostrarem seus documentos, e o policial
disse: alemães! de maneira grosseira, daí os levou à delegacia, e fez um puta
inquérito, o q eles não entenderam q o casal tinha exatamente saído da Alemanha
por serem judeus., foram liberados, mas fichados e criptografados, daí em
diante tinham q comparecer toda semana, à delegacia; nem um documento
comprovando q eram judeus, valeu muito. o bonzinho do Vargas também não curtia
judeus. O mesmo acontece com ambas minhas tias, chegadas na mesma época no
Brasil (meu pai viria bem depois) elas tinham q comparecer à delegacia toda
semana por estarem na condição de ''quinta coluna'' passarem por
interrogatórios, serem corrigidas quando não erravam o português, situação
impossível para um estrangeiro recém chegado .A situação de uma tia minha no RJ
era ainda pior, ela era cantora , artista, e estava qualificada como
prostituta. mesmo já sendo casada ( o governo brasileiro não aceitava
matrimônios feitos fora do país) .Os descerebrados mal sabiam o que também
acontecia na cidade de onde elas provinham na Itália , com a queda do governo
fascistas foi sitiada por nazistas alemães, ,e sendo sangrento palco de
disputas entre nazistas e comunistas iugoslavos, atrocidades mil; os comunistas
iugoslavos, permaneceram na cidade e na região, o conflito durou ainda oito
anos depois da guerra. Para a mentalidade maniqueísta, o presa justifica o
caçador.
Talvez, é uma pergunta que me faço, embora o
assunto fosse pouco abordado; e muita coisa eu descobri nas cartas entre
familiares, e através de documentos. as minhas tias, nem meu pai falavam com
ódio de certas ideologias que culminaram todo esse advento de atrocidades, acho
até porque não tinham opinião formada a respeito. o meu pai é quem dizia alguma
coisa neste sentido,; minhas tias (com quem convivi mais) tinham um ódio
visceral dos eslovenos e croatas, até porque além de confiscarem os bens da
família, assassinaram dois irmãos delas, meus avós só se safaram porque foram
com meu pai (ainda criança) para a Suiça, e lá obtiveram exílio [ o mais
interessante, que ficaram alguns dias em acampamento de anarquista em Lugano;
antes do exílio ter sido ratificado legalmente; posteriormente, finda a guerra
foram para Argentina, a cidade ainda se encontrava sob perigo de sitiamento,
não tinham como retornar para a Itália . eis aí que surge a xenofobia, quando
não se pensa que o problema está na doutrinação de massa, feita pela mídia ou
por maneiras outras de propaganda, se valendo de uma circunstância social ou
financeira; se eslovenos, croatas e alemães cometeram os maiores dolos com a
minha família paterna, os fascistas, conterrâneo deles, obrigavam meu avô (que
era um industrial de porte) a fazer algumas coisas nos negócios dele, inclusive
colaborar com cooperativas q nada tinham a ver com o ramo de fabricação no qual
trabalhava, entre outras coisas. a questão não era os alemães ou eslovenos , a
questão foi a ideologias que lhes asenhoriou, o mesmo diríamos do Brasil na
era Vargas. A minha consciência sócio- política (creio que da maioria daqueles
que tem) adveio mais por sede de justiça,pessoalmente a vontade de justiça,
coesa a um questionamento ávido desde pequeno. Aos 16 anos cheguei até flertar
com o comunismo, mas me livrei dessa gonorréia juvenil como diria Roberto
Campos, em tempo, pois logo percebi o nível de autoritarismo que havia nele,
não o diferenciando em sua regência do poder macro-estatal., menos ainda do
fascismo. Li O capital Marx e seus sequazes (prefiro alguns dos discípulos do
que o ''mestre'') , como li Riqueza das Nações de Adam Smith; Locke; Hume e seu
Ensaios Morais, Políticos e Literários, pasme li o Mein kampf de Hitler,
citando alguns clássicos; estudei e estudo alguns economistas;autores das mais
diferentes correntes políticas, gosto de estudá-los (as ortodoxias ideológicas
parecem desconhecer o que é de fato a dialética) foram leituras mais ou menos
recentes, que me ajudaram (e ajudam) a consolidar meu pensamento de liberdade e
de justiça individual, sem pensar o Único usando a terminologia de Max Stirner
, não se pode ter uma coletividade equânime. O homem nada é sem o impacto
social, e dirá a você que foi este impacto que me fez às vezes um pequeno
ativista, mas sobretudo uma pessoa que busca o conhecimento, e que faz do
conhecimento [também] uma forma de resistência ao que deduzo como injusto.
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