De versos, estou vazia. Tão vazia de dar espaço para que eu
dance e gire pelo oco de tudo o que sou, de tudo o que me sobrou. Vazio manso
de solidão devagar, hoje mesmo sou e talvez eu vá além, para o mundo atrás das
grandes e intocáveis coisas. Tudo aqui gira numa plenitude singular e
removente; como se assim eu fosse. E dum desses removentes prazeres nasço.
Antes de mim mesma e o ar já não me dói.
E as explicações eu já não quero como se suficiente eu
fosse, pelos próprios sacrifícios humanos, eu me tivesse tornado suficiente
nesse silêncio que está à me dominar. Peço em todos os momentos: deixa-me ser.
Assim soturnamente imantada por uma fuga constante que insiste em me deflorar
como parte indivisível dessas coisas todas tão maiores que meu corpo. Deixa-me
ser assim como deixo-te onde queres, nessa partezinha minúscula de sensatez que
lhe basta, como se não me bastasse - e não basta!
Vago pelos jardins flamejantes, estou prestes a saltar num
golpe contra o universo e isso também não me dói ou segura meu corpo, como se o
fim para coisas sensíveis não existisse e como se assim fosse. Se talvez te
basta, você se mantêm como gota do que se é. E minha dor submerge nos segundos
mais profundos da alma, nada me basta e aqui no fim, sei que também não mata.
Juliana
Vallim
contato: mme.valentina@gmail.com
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