terça-feira, 6 de dezembro de 2016

Kronos devora suas Próprias Sementes



                   Piraí do Sul,Paraná,21052005.

    Resgatando lembranças nas brasas acesas,
    ocultas em cada pranto um lamento de lava,
    lavando a alma,
    marejando marés,
    lacrimejando ácido ondulante em ondas de fogo,
    liquido remorso morrendo em replay na memória.
    Oração de murmúrios,
    algaravia de dores,
    cristais de pontas adamantinas no olhar vítreo.
    Morto de tão vivo.
    Saltando na nuvem o pensamento ,
    vivendo éter eterno na mente,
    eternamente na moldura de mármore da lembrança.

    Sonhos pesando olhos carregados,
    filmes mudos em slowmotion
    que a argamassa desfaz,
    a cada golpe ,
    uma estocada no tijolo da finitude
    A flor plantada na carne inerte ,
    A carne des-mobiliada da alma.
    Cada quadro ou livro,
    baú ou arquivo
    morto.
    Pó etéreo vagando diluído em dezenas de páginas,
    que a memória da vida escreveu.
    Em cada palavra a imagem em carne e sonho.

    Pesadelos são ausências lacunas,
    des-conexão sem a eletricidade de músicas do passado,
    sem explosões ou maremotos,
    calor ou frio,
    a dor da perda a morte real
    acompanha a ausência do não compartilhado.
    A memória é a fonte da vida eterna,
    alma imorredoura,
     argamassa vedando os tijolos sepulta

    Na solidão apenas o esquecimento.
    Esquecimento é suicídio,
    É assassinato.
    Quem lembra sempre não estará só de quem foi,
    Sem jamais ter ido,
    Lavando o rosto da memória  na Lagoa.
    Água do tempo que afoga  no passado para fazer nascer
    O presente.
    Afoga no ventre o fogo de um novo renascer.


Wilson  Roberto  Nogueira.

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