segunda-feira, 31 de outubro de 2016

Geografia do voto

Ricardo Costa de Oliveira· ............................Como sou cidadão carioca e curitibano posso dizer que não houve praticamente nenhuma novidade na geografia do voto, na eleição do Rio de Janeiro e na de Curitiba. Vence no Rio quem vence da Leopoldina para cima, para dentro e se consolida de Bangu até a Zona Oeste. Brizola vencia assim, Lula e Dilma venceram assim. O PSOL não venceu porque ficou praticamente na Zona Sul. O emergente Crivella, mesmo evangélico e da família IURD, o que era um complicador, passou a imagem de sinhozinho branco, capturou o voto da direita lacerdista carioca, mas conseguiu mesmo dessa vez ser o candidato da Leopoldina pra dentro. Quando eu morava em Ipanema havia vários amigos que nunca tinham ido em toda a vida além da Tijuca e nem sabiam que Campo Grande existe como parte do município do Rio de Janeiro. Em Curitiba o Macedo, classe dominante tradicional, venceu nas áreas centrais, intermediárias e só perdeu na 175ª, não muito diferente do que aconteceu com Fruet e Ratinho. Na verdade essas eleições foram novamente eleições da reprodução familiar em muitas capitais como SP, PoA, Salvador, o que é a tendência da classe dominante brasileira na reprodução dos seus poderes sociais e políticos locais. Em São Paulo o PT já ganhou e perdeu várias vezes. Resultados municipais não definem antecipadamente resultados presidenciais. Se Temer seguir muito mal avaliado o PT será novamente muito competitivo em 2018 com Lula.

Firmino José Torres Ribeiro ......................Quem sabe sabe. Conjuga visão científica e prática política, a famosa práxis. Tem colega seu aí, Professor Ricardo Costa de Oliveira, que acha que tá abafando só com a visão formalista de gabinete. Assisti ao jogo de poder ontem e quase chorei. De raiva.

Ricardo Costa de Oliveira ........................As mesmas fronteiras sociais de sempre continuam existindo e atuando na geografia eleitoral, ou podemos resumir que a luta de classes está nos mesmos lugares, só que com atores diferentes neste ano e que continuarão em 2018, quiçá com Lula de novo na força do povo !

João Simões Lopes Filho......................... Mas Lula e Dilma venceram nessas áreas justamente se juntando à malta dos caciques de bairro do PMDB e da turma evangélica. O pragmatismo foi ótimo para ganhar eleições, mas não impediu as punhaladas.

Ricardo Costa de Oliveira....................... Sim, essa é a questão central, não só no RJ, mas no Brasil todo. Como vencer eleições e formar maiorias legislativas ? O PT só foi podado, só teve a sua barba cortada e aparada, potencialmente crescem de novo, o PT pode voltar a crescer na próxima temporada favorável. O PSOL não ocupou nenhum lugar novo em 2016, ou desalojou o PT para tomar o seu lugar na esquerda, na prática o PSOL só ajudou a expulsar o PT e instalar a direita. Se a esquerda vencer em 2018, Plano A é Lula, Plano B um Ciro, dessa vez o legislativo, a mídia e o judiciário serão confrontados desde o início, o que não aconteceu entre 2003-2015. Como serão essas novas lutas ? Aí está outra questão central ?

João Simões Lopes Filho.................... Como crescer de novo, se a velha base eleitoral cooptada não vai querer se juntar de novo?

Ricardo Costa de Oliveira................... Lula está em primeiro lugar em qualquer pesquisa de opinião. Lula cresce e carrega o PT junto com o aumento da crise do governo golpista de Temer.

João Simões Lopes Filho...................... Mas não basta ganhar a eleição, ele precisa de maioria na câmara. Dilma ganhou em 2014 e perdeu sua maioria sob o fogo cerrado da mídia. PP, PRB, PMDB são mercenários políticos que mudam de lado facilmente.



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