Guilherme de Almeida
Da triste vida que eu vivo
o menos triste é a tristeza.
Muito mais triste é a incerteza,
essa falta de motivo
para viver como eu vivo
só de surpresa em surpresa,
cada vez mais sendo presa
das coisas de que me privo
e sujeito, embora esquivo,
às ordens da natureza:
causadora, com certeza,
desse gosto negativo
da triste vida que eu vivo.
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