Eu acho que
buscar a beleza das palavras
é uma solenidade de amor.
E pode ser instrumento de rir.
Aprendo a brincar de palavras
mais do que trabalhar com elas.
Comecei a não gostar de palavra engavetada.
Aquela que não pode mudar de lugar.
Aprendi a gostar mais das palavras pelo que
elas entoam do que pelo que elas informam.
Por depois ouvi um vaqueiro
a cantar com saudade :
Ai morena, não me escreve
que eu não sei a ler .
Aquele 'a' preposto ao verbo ler, ao mesmo ouvir,
ampliava a solidão do vaqueiro.
Manoel de Barros
Nenhum comentário:
Postar um comentário