sábado, 15 de janeiro de 2011

Cançoneta

Um colarzinho de contas no pescoço,

as mãos sumindo num amplo regalo.

Os olhos passeiam em torno distraídos

e já não têm mais com que chorar.



A seda, que é quase violeta,

faz o rosto parecer mais pálido.

A franja, de cabelos tão lisinhos,

já chega até quase as sobrancelhas.



Não se parece em nada com um voo

esse jeito lento de andar

como se numa jangada pisasse

e não nas pranchas firmes do assoalho.



A boca pálida, entreaberta,

o fôlego cansado, ofegante…

contra o peito treme o ramalhete

deste encontro contigo que não houve.


Anna Akhmatova

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