terça-feira, 14 de dezembro de 2010

I

Celebro-me e canto-me,


E aquilo que assumo tu deves assumir,

Pois cada átomo que a mim pertence a ti pertence também.



Vagueio e convido a minha alma,

À vontade vagueio e inclino-me a observar a erva do Verão.

A minha língua, cada átomo do meu sangue, composto deste solo, deste ar,

Aqui nascido de pais aqui nascido de outros pais aqui nascido, e dos seus

pais também

Eu, aos trinta e sete anos, de perfeita saúde começo,

Esperando que só a morte me faça parar.



Suspensos os credos e as escolas,

Retiro-me por certo tempo, deles saturado mas não esquecido,

Sou o porto do bem e do mal, e seja como for falo,

Natureza sem obstáculos com a sua energia original.





Walt Whitman

in Canto de Mim Mesmo

Assírio & Alvim, 1999

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