quinta-feira, 5 de setembro de 2019

Poemas


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(trad. Olga Savary)

Nem flores nem lua.

E ele tomando sakê

sozinho.

De que árvore florida

chega? Não sei.

Mas é seu perfume.

(trad. Guilherme de Almeida)

Ah! o antigo açude!

E quando uma rã mergulha,

o marulho da água.

(trad. Manuel Bandeira)

A cigarra... Ouvi:
Nada revela em seu canto
que ela vai morrer.

(trad. desconhecido)

Este caminho

Ninguém já o percorre,

Salvo o crepúsculo.

Doente em viagem

Sonho em secos campos

Ir-me enveredar.


Matsuo Bashô. 

Japonês nascido em Tóquio, no ano de 1644, morre em Osaka, 500km ao sudoeste, em 1694. Filho de samurai, samurai por nascimento, interessava-se por poesia desde criança; publicou seu primeiro poema em 1662. Aos 25 anos, abandona sua classe social e a imposição do destino, trocando uma carreira militar pelas andanças errantes. Buscou uma vida mais reclusa, ensinou a milhares de discípulos a arte do haikai, peregrinou por algumas vezes por diferentes partes do Japão e pautou sua vida e produção artística em preceitos aliados à humildade, modéstia e transição. Tornou-se um mestre, consagrado e ainda muito considerado no campo da arte poética, mesmo depois de alguns séculos, célebre pela beleza de seus trabalhos. Bashô enxergava a beleza em coisas simples da natureza e da vida e a compartilhava com o mundo.

[Para mais sobre Bashô ou haikais: LEMINSKI, P. Matsuo Bashô: a lágrima do peixe. GUTTILLA, R. (org.) Boa companhia: haicai].

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