Quando a vitória já parecia certa, os Aliados se reuniram de
4 a 11 de fevereiro de 1945 na Crimeia. Aceitação de imposições de Stalin selou
fronteiras da futura Cortina de Ferro.
Konferenz von Jalta
1945 (gemeinfrei)
Churchill, Roosevelt e Stalin decidiram as fronteiras
pós-guerra
Os três grandes líderes reuniram-se de 4 a 11 de fevereiro
de 1945 em Ialta, na Crimeia, após mais de cinco anos de guerra e milhões de
mortos. Praticamente já ocupada, a Alemanha não estava mais em condições de
resistir por muitas semanas. A Itália estava rendida, mas o Japão ainda
resistia no Oceano Pacífico.
Embora a Segunda Guerra Mundial ainda não estivesse
oficialmente encerrada, Franklin D. Roosevelt, Josef Stalin e Winston
Churchill, considerando-se vencedores sobre os nazistas e fascistas, iniciaram
a discussão sobre a ordem internacional no pós-Guerra.
A Conferência de Ialta, às margens do Mar Negro, foi uma das
três grandes conferências que determinaram o futuro da Europa e do mundo no
pós-Guerra (além da de Teerã, em 1943, e a de Potsdam, em meados de 1945).
Mesmo que a divisão do mundo não estivesse nos planos das lideranças aliadas
neste momento, a Guerra Fria acabou sendo uma das consequências do encontro.
Para o historiador Jost Dülffer, da Universidade de Colônia,
Ialta tinha boas chances de estipular uma nova ordem de paz no pós-Guerra:
"Foi aprovada uma declaração sobre a Europa libertada e discutiram-se
várias questões, cuja solução era apenas parcial. Por fim, eles tiveram que se
curvar aos fatos: os russos estavam às margens do rio Oder, no Leste, e os
norte-americanos na fronteira oeste da Alemanha".
Polônia, o tema mais controverso
Com relação à Organização das Nações Unidas, que estava por
ser criada, decidiu-se a composição de um conselho de segurança com direito de
veto. Quanto à Alemanha, as potências aliadas resolveram exigir a
"capitulação incondicional" e decidiram dividir o país em três zonas
de ocupação.
Os detalhes seriam resolvidos por uma comissão constituída
para este fim. Por pressão dos soviéticos, a única decisão tomada foi em
relação a reparações e o desmonte de instalações industriais.
A capital polonesa, Varsóvia, estava em ruínas em 1945
A Polônia foi o tema mais controverso da conferência na
Crimeia, em fevereiro de 1945. Temendo o avanço soviético na Europa Central, o
premiê britânico, Winston Churchill, e o presidente norte-americano, Franklin
D. Roosevelt, planejavam para Varsóvia um governo com legitimação democrática,
escolhido através de eleições livres. Enquanto Stalin ressaltava o poder
democrático do governo por ele constituído na Polônia, os britânicos
salientavam a legitimidade do governo polonês no exílio, estabelecido em
Londres.
Churchill e
Roosevelt cederam a Stalin
As duas frentes optaram por uma solução consensual: o
governo constituído pelos soviéticos foi ampliado em alguns membros apontados
pelos aliados. A partir de junho de 1945, entretanto, o governo polonês passou
a ser dominado por membros pró-soviéticos.
Stalin ainda conseguiu impor o deslocamento da fronteira
soviética para o oeste. Afinal, o aliados ocidentais precisavam do apoio de
Moscou contra os japoneses no Oceano Pacífico. A fronteira leste da Alemanha ao
longo dos rios Oder e Neisse foi sugestão do secretário-geral do partido
comunista soviético. A nova linha divisória viria a delimitar o que mais tarde
ficou conhecido como Cortina de Ferro, dividindo o mundo durante quase 50 anos
de Guerra Fria.
Em 1946, o próprio Churchill reconheceria: "De Sczecin,
no Mar Báltico, até Trieste, no Mar Adriático, transcorre uma cortina de ferro
pelo continente. Por trás desta linha estão todas as capitais da Europa Central
e do Leste Europeu. Todas as cidades e suas populações estão sob influência
soviética. Os acertos feitos em Ialta foram vantajosos demais para os
soviéticos.
Mas estas decisões foram tomadas numa época em que ainda não
se sabia que a guerra não duraria nem até o fim de 1945, num momento em que
achávamos que o conflito com o Japão persistiria pelo menos 18 meses após o
final da guerra com a Alemanha".
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