Leonardo
Avritzer
A morte de Fidel Castro e as diferentes discussões que ela
já está suscitando mostram a continuidade dos problemas da América Latina nos
anos 60 e hoje. De um lado, qualquer avaliação das ações do líder cubano não
pode deixar de ignorar os elementos não democráticos e as fortes violações dos
direitos humanos em Cuba. Cuba não foi capaz de criar um modelo democrático e
pluralista de socialismo. Na verdade, ela reproduziu os mesmos dilemas da
ex-União Soviética, e Europa Oriental.
Mas a herança de Fidel tem que ser avaliada colocando os
dilemas históricos da América Latina em perspectiva. Cuba foi capaz de quase
erradicar a pobreza e diminuir a desigualdade, problema esse que a AL continua
a enfrentar quase 60 anos depois da revolução cubana. Quando vemos o que o
Macri fez nos últimos 12 meses na Argentina e o que o Temer está fazendo no
Brasil percebemos o sentido no qual a revolução cubana foi capaz de atrair
tantos apoiadores na região. As elites latino-americanas continuam pouco
democráticas e absolutamente incapazes de lidar com o problema da desigualdade.
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