sábado, 26 de novembro de 2016

Leonardo Avritzer

A morte de Fidel Castro e as diferentes discussões que ela já está suscitando mostram a continuidade dos problemas da América Latina nos anos 60 e hoje. De um lado, qualquer avaliação das ações do líder cubano não pode deixar de ignorar os elementos não democráticos e as fortes violações dos direitos humanos em Cuba. Cuba não foi capaz de criar um modelo democrático e pluralista de socialismo. Na verdade, ela reproduziu os mesmos dilemas da ex-União Soviética, e Europa Oriental.

Mas a herança de Fidel tem que ser avaliada colocando os dilemas históricos da América Latina em perspectiva. Cuba foi capaz de quase erradicar a pobreza e diminuir a desigualdade, problema esse que a AL continua a enfrentar quase 60 anos depois da revolução cubana. Quando vemos o que o Macri fez nos últimos 12 meses na Argentina e o que o Temer está fazendo no Brasil percebemos o sentido no qual a revolução cubana foi capaz de atrair tantos apoiadores na região. As elites latino-americanas continuam pouco democráticas e absolutamente incapazes de lidar com o problema da desigualdade.

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