Norah Lange.
Buenos Aires
23 de outubro de 1905
5 de agosto de 1972.
Amanhecer
No coração de cada árvore
se estremeceu a meia-noite.
A noite se emigalha
em procissão lenta de névoa.
Todas as tardes terminam seu cansaço.
Os letreiros luminosos dormem
o susto de suas cores
e antecipam a contemplação de cada pobre.
Em toda esquina vela o sonho
e tua lembrança é a única aflição
que humilha a arrogância das calçadas.
Longe, o primeiro mendigo
trai a entrada onde dormiu.
E a cidade se abre como uma carta
para contarmos a surpresa de suas ruas.
(tradução de Ricardo Domeneck)
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