Os Estados Unidos são o país das liberdades civis? Não
exatamente. Após o genocídio da população indígena, o extermínio dos búfalos e
a anexação de territórios mexicanos e centro-americanos, que fazem parte da
história da fundação do estado norte-americano, a população negra foi submetida
a um regime escravocrata que durou até meados do século XIX e, em seguida, a um
sistema de apartheid em vigor até a década de 1960: negros e brancos
sentavam-se em lados diferentes nos ônibus, usavam banheiros diferentes e não
tinham igualdade de condições para o acesso ao estudo, nem os mesmos direitos
políticos e trabalhistas que os brancos. Eram comuns, até há poucas décadas, os
crimes racistas nos estados do Sul e ainda ocorrem nos dias de hoje, na forma
da violência policial ou como o recente atentado em uma igreja que matou nove
negros. As mulheres, assim como os negros, não recebiam salário igual ao dos
homens brancos e não podiam votar até a década de 1920. Hoje, os Estados Unidos
têm políticas de inclusão social, ao mesmo tempo que mantém a maior população
carcerária do mundo, com 2,3 milhões de presos, em sua maioria negros,
hispânicos, pobres, e continuam desrespeitando os direitos humanos em
Guantánamo, no Iraque, na Síria, no Paquistão, no Afeganistão, na Palestina e
em diversos outros países e territórios no mundo -- apenas a agressão contra o
Iraque matou cerca de um milhão de pessoas. Não: os Estados Unidos NÃO SÃO o
país das liberdades civis.
Claudio Daniel
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