sexta-feira, 22 de janeiro de 2016

Para entender hoje o Paraná e o Brasil. O nosso novo livro, uma coletânea, do Núcleo de Estudos Paranaenses sobre Mulheres, Política, Famílias e Nepotismo. Parte da minha conclusão: Podemos responder a seguinte indagação sociológica – O que acontece com as famílias e descendentes dos novos atores sociais, econômicos e políticos estudados ? Os emergentes e seus descendentes muitas vezes casam com famílias já estabelecidas, com velhas genealogias e com vínculos mais antigos na classe dominante tradicional, operando a absorção dos novos e a continuidade da classe dominante. Mulheres formam alianças matrimoniais decisivas. A ascensão do bacharel, do mulato, do filho do imigrante espanhol, libanês, do empresário, do político, também passa pelos casamentos, alianças e conexões com famílias estabelecidas das antigas elites da classe dominante tradicional. Estas famílias antigas foram escravistas e possuem as suas histórias familiares conhecidas e estudadas nas genealogias tradicionais. Abdon Batista e Teresa, a mulher da família Oliveira (classe dominante tradicional de São Francisco do Sul, Joinville). Moisés Lupion e Hermínia, a mulher da família Borba Rolim (classe dominante tradicional de Tibagi). Aníbal Curi e a mulher da família Saboia (classe dominante tradicional dos Rios Iguaçu e Negro). Beto Richa e Fernanda Vieira (Banco Bamerindus e classe dominante tradicional Junqueira). O papel e o protagonismo das mulheres são muito importantes nestas formas de metamorfose burguesa. Não há apenas o novo e novas rupturas, mas continuidades e conciliações entre as novas dinâmicas e as velhas tradições. A desigualdade social, a concentração de terras, rendas, riquezas e de poderes também são fenômenos genealógicos de longa duração. Não houve e nem ocorreu uma “Revolução Burguesa” no Brasil porque o “Antigo Regime” persistiu, sobreviveu, se associou e mesmo se casou com muitos dos novos componentes do que seria a modernização social, econômica e política. A metamorfose burguesa explica, em termos de uma sociologia histórica e política, qual o papel das mulheres tradicionais e estabelecidas na reprodução da ordem social.

Ricardo Costa de Oliveira

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