Sérgio Braga:Alguém poderia me informar que tipo de
cálculo político maquiavélico estaria por trás da nomeação de Kátia Abreu para
a chefia da casa civil? Ou será só um balão de ensaio para nomear outro menos
ruim para o lugar do Mercadante?
Stéphane Monclaire :Os erros de cálculo da parte dos
principais atores políticos é um sintona da existência de uma forte crise política.
Pois quanto mais aumenta a fuidez da situação e a perca de recursos políticos,
mais diminui a visibilidade a curto e médio prazo. O que complica os cálculos e
a definição da estratégia dos atores.
Sérgio Braga :Se for verdadeira a notícia e não apenas
"intriga da oposição" acho que é isso mesmo, prof. Stéphane
Monclaire. O que revelaria uma completa desorientação política do governo e
aumentaria a probabilidade do impeachment, e não o contrário a meu ver.
Dimas Soares Ferreira :Prof. Sérgio Braga, nós que estamos na
base, longe das cúpulas dirigentes, pouco sabemos o que se passa nas hostes do
governo, principalmente o que se passa no interior dos palácios e gabinetes
ministeriais. Aliás, há um claro distanciamento entre o Partido e o governo
Dilma. As teses de radicalização à esquerda e de a crítica ao tal ajuste fiscal
mal mal está presente nos cadernos de teses do último Congresso. Os diretórios
municipais estão mergulhados em disputas internas já visando-se as eleições
municipais do ano que vem e a companheirada parece ainda não ter se dado conta
dos impactos desastrosos dessa conjuntura extremamente desfavorável que poderão
recair sobre a disputa eleitoral que se avizinha. Além disso, aqui em Minas o
Partido foi tomado por um bando de gente que só se interessa mesmo pela disputa
por cargos e nomeações no governo. O debate é cada vez menos qualificado. Nós
sobreviventes dos tempos em que o partido era referência de oposição ao projeto
neoliberal somos cada vez mais sufocados por essa gente que faz qualquer coisa
pelo poder, até mesmo se juntar a velhos inimigos e adversários.
Wilson Roberto Nogueira :Tentar chamar ou cooptar o agronegócio para o governo com
vistas a não ser derrotado no Centro- Oeste e sul,tanto nas eleições municipais
quanto na aprovação de emendas por parte da bancada ruralista (alguns já em
partidos da base -infiel- do governo) nas casas parlamentares .Uma guinada sim,
a direita , mas procurando se adaptar ao novo quadro reacionário que se
apresenta para manter-se até o fim do mandato.A perda das bases sociais coma administração optando por
lotear poder a adversários ideológicos
, se submetendo a novas agendas exógenas , por força da tempestade de crises
oportunamente majorada pelo sistema financeiro e suas agencias de extorsão
(S&P,et caterva ), as corporações de mídia e seus interesses empresariais
rentistas. O governo hipotecou o galinheiro
a voracidade de lobos e chacais atingindo não somente a administração ,
os interesses nacionais e do povo trabalhador mas embrulhando as conquistas da esquerda em
chumbo e jogando as no Tietê .Bom , elas flutuaram , espero. No mais sei que
devo estar errado na minha análise .
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