“A calúnia é um
ventinho, um arzinho muito gentil que, insensível e sutil, ligeira e docemente,
começa a sussurrar. Pouco a pouco, no assoalho rastejando sibilante, vai
escorrendo, vai zumbindo nos ouvidos das pessoas, entra com destreza; E as
cabeças e os cérebros atordoa e faz inchar. Boca afora vai saindo, cacareja e
vai crescendo: ganha força pouco a pouco, corre canto a canto, qual trovão, e
temporal que, no seio da floresta, assobia resmungando e faz de horror gelar.
Afinal, derrama-se, volátil, esparramada e duplicada, em perfeita explosão,
como a de um canhão, em terremoto, em vendaval, num tumulto geral que faz o ar
chicotear. E o pobre caluniado, ofendido, repisado, em público flagelado, por
bom motivo, sucumbe.”
(Fala de D. Basilio, em "O barbeiro de Sevilha")
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