Adriano Codato....Ministros no Brasil consideram uma ofensa
(e os jornalistas um crise grave) serem convocados ou comparecerem ao Parlamento
para dar explicações, quaisquer que sejam.
Um outro ponto interessante é que, no Brasil, ministros
"técnicos" são supervalorizados em relação aos políticos, i.e., aos
políticos eleitos que vêm a ocupar alguma posição ministerial.
É bastante sintomática das nossas diferenças (e das nossas
escalas de prestígio e legitimidade) essa frase do deputado da direita para a
ministra da Educação da França:
--- "Senhora ministra, quem é a senhora para se dirigir
assim a um representante eleito pelo povo, a senhora que nunca foi eleita pra
nada?"
p.s.: a reforma educacional é altamente defensável e a
direita acusa o governo socialista de implantar uma pedagogia, mutatis
mutandis, bolivariana e acabar com a meritocracia...
Felipe Calabrez....Essas diferenças a que se refere estão no
âmbito da "sociedade" em geral ou opinião pública, não? Pergunto
porque tenho a impressão de que "dentro" do Parlamento a postura lá é
a mesma daqui. Isto é, os parlamentares sempre usam do discurso de que são
"representantes do povo" e não costumam gostar muito de conversa de
técnico e gestor. Duvido que explicações "técnicas" dadas no
congresso mudem um único voto. E os técnicos e gestores de políticas públicas
também não vêem políticos com bons olhos.
Adriano Codato.......Penso que essas são diferenças que são
expostas à sociedade; ou que podem ser expostas sem chocar a opinião pública. E
que alguma repercussão social devem ter. Imagine no Brasil alguém falar, por
exemplo, para um juiz: 'o senhor fique quieto porque eu fui eleito para falar
sobre esse tema, e o senhor não'. Seria o fim. Além disso, políticos
parlamentares aqui e aí esgrimem essa retórica pomposa de Povo, Nação, etc..
Mas tenho a impressão que o eleitor médio ouve isso, no Brasil, como uma coisa
caricata e sem sentido. E sim, de fato, político não engole técnico e
vice-versa.
Eric Gil Dantas Apesar do avanço dos "economistas no
governo", o técnico judiciário ainda é mais "respeitado" do que
o técnico econômico, pelo que me parece.
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