quarta-feira, 27 de maio de 2015

Adriano Codato....Ministros no Brasil consideram uma ofensa (e os jornalistas um crise grave) serem convocados ou comparecerem ao Parlamento para dar explicações, quaisquer que sejam.
Um outro ponto interessante é que, no Brasil, ministros "técnicos" são supervalorizados em relação aos políticos, i.e., aos políticos eleitos que vêm a ocupar alguma posição ministerial.
É bastante sintomática das nossas diferenças (e das nossas escalas de prestígio e legitimidade) essa frase do deputado da direita para a ministra da Educação da França:
--- "Senhora ministra, quem é a senhora para se dirigir assim a um representante eleito pelo povo, a senhora que nunca foi eleita pra nada?"
p.s.: a reforma educacional é altamente defensável e a direita acusa o governo socialista de implantar uma pedagogia, mutatis mutandis, bolivariana e acabar com a meritocracia...

Felipe Calabrez....Essas diferenças a que se refere estão no âmbito da "sociedade" em geral ou opinião pública, não? Pergunto porque tenho a impressão de que "dentro" do Parlamento a postura lá é a mesma daqui. Isto é, os parlamentares sempre usam do discurso de que são "representantes do povo" e não costumam gostar muito de conversa de técnico e gestor. Duvido que explicações "técnicas" dadas no congresso mudem um único voto. E os técnicos e gestores de políticas públicas também não vêem políticos com bons olhos.

Adriano Codato.......Penso que essas são diferenças que são expostas à sociedade; ou que podem ser expostas sem chocar a opinião pública. E que alguma repercussão social devem ter. Imagine no Brasil alguém falar, por exemplo, para um juiz: 'o senhor fique quieto porque eu fui eleito para falar sobre esse tema, e o senhor não'. Seria o fim. Além disso, políticos parlamentares aqui e aí esgrimem essa retórica pomposa de Povo, Nação, etc.. Mas tenho a impressão que o eleitor médio ouve isso, no Brasil, como uma coisa caricata e sem sentido. E sim, de fato, político não engole técnico e vice-versa.

Eric Gil Dantas Apesar do avanço dos "economistas no governo", o técnico judiciário ainda é mais "respeitado" do que o técnico econômico, pelo que me parece.

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