Tendo por berço o lago cristalino,
Folga o peixe, a nadar todo inocente,
Medo ou receio do porvir não sente,
Pois vive incauto do fatal destino.
Se na ponta de um fio longo e fino
A isca avista, ferra-a inconsciente,
Ficando o pobre peixe de repente,
Preso ao anzol do pescador ladino.
O camponês, também, do nosso Estado,
Ante a campanha eleitoral, coitado!
Daquele peixe tem a mesma sorte.
Antes do pleito, festa, riso e gosto,
Depois do pleito, imposto e mais imposto.
Pobre matuto do sertão do Norte!
- Patativa do Assaré
em "Ispinho e Fulô".
(Organização Antônio Gonçalves da Silva). Rio de Janeiro: Editora Vozes, 1990.
(grafia original).
http://www.elfikurten.com.br/…/patativa-do-assare-o-poeta-d…
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