Ana Maria Almeida Xavier
O bom guerreiro haverá
de deixar manipular
seu todo nos dois sentidos,
numa guerra em que não há
vencedores nem vencidos,
em que perder é o ganhar
de quem exerce o poder,
trocando assim os papéis
do que toca o instrumento,
pois cada instante há de ser
ora tinta ora pincéis.
Há de ser cada momento
um dar e obter tão louco
que o perdedor ganha tudo
e o ganhador perde pouco:
tudo é dito em instante mudo.
O guerreiro entrega a espada
a quem o vence e deseja,
assim termina a peleja
onde perder vale nada
e onde vencer é depor,
onde quem empurra abraça,
onde o exausto perdedor
poderá erguer a taça,
onde o terreno ocupado
é entregue ao usurpador,
é espaço dado e tomado
em nome e em função do amor.
Fonte:Jornal de Poesia
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