quarta-feira, 13 de julho de 2011

CANTO MEDIEVAL

Ana Maria Almeida Xavier

O bom guerreiro haverá

de deixar manipular

seu todo nos dois sentidos,

numa guerra em que não há

vencedores nem vencidos,

em que perder é o ganhar

de quem exerce o poder,

trocando assim os papéis

do que toca o instrumento,

pois cada instante há de ser

ora tinta ora pincéis.

Há de ser cada momento

um dar e obter tão louco

que o perdedor ganha tudo

e o ganhador perde pouco:

tudo é dito em instante mudo.

O guerreiro entrega a espada

a quem o vence e deseja,

assim termina a peleja

onde perder vale nada

e onde vencer é depor,

onde quem empurra abraça,

onde o exausto perdedor

poderá erguer a taça,

onde o terreno ocupado

é entregue ao usurpador,

é espaço dado e tomado

em nome e em função do amor.

Fonte:Jornal de Poesia

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