domingo, 23 de janeiro de 2011

NUVENS

Nesta

aldeia de ninguém

trapos indigentes nas cercas —

teréns de ninguém.



E sobre elas nuvens de ninguém,



e adiante — anúncios sobre a infância:

crianças esquálidas, bravias;



e música sobre o nu

de mulheres hunas e citas;



e aqui, no leito, ao rés dos olhos,

algures, junto a pestanas úmidas,

alguém morria e chorava,



enquanto eu compreendia

de uma vez por todas — era



minha mãe.



1960



Tradução: Haroldo de Campos e Boris Schnaiderman

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