sexta-feira, 10 de dezembro de 2010

“O lobo-guará é manso


foge diante de

qualquer ameaça

é solitário

avesso ao dia, tímido

detesta as cidades

para fugir do ataque

cada vez mais inevitável

dos cachorros

atravessa estradas

onde quase sempre é

atropelado

onívoro, com mandíbulas

fracas

come pássaros, ratos, ovos,

frutas

às vezes, quando está perdido,

vasculha latas de lixo nas ruas

engasga ao mastigar garrafas

de plástico ou isopores

se corta e ou morre ao morder

lâmpadas fluorescentes

ou engolir fios elétricos

morre ao lamber inseticidas

ou restos de tinta

ou ao engolir remédios

vencidos

ou seringas e agulhas

descartáveis

dócil, sem astúcia,

é facilmente capturado e morto

por traficantes de pele

quando então uiva

(Extinção. Página Órfã, 2007)

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