sábado, 27 de novembro de 2010

Poesia

I



por caminhos de lavanda e urze: raso,

o sangue sob a plaina dos dedos,



enquanto a mão aprende

toda a beatitude do mundo



a mão alçada sobre a lua dos olhos,

o gesto é conciso

como uma imagem impossível



II



depois, ameias entre os venenos,

os versos:



carótida, laringe, fuligem, falange



os versos: um secreto combate, os versos



tantas vezes não mais que sombras



entre a luz nocturna da lâmina

e a doçura da pálpebra



III



em verdade falo apenas do que há

dentro dos nomes



o que há dentro de um nome?



em verdade falo apenas de um imóvel caminho



um lentíssimo modo de rumar

ao silêncio.

Luís Felício




Fonte Clepsidra
http://luz-clepsidra.blogspot.com/

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