quarta-feira, 2 de janeiro de 2019

A FESTA



Os comentaristas da posse têm a mesma “ingenuidade” que destruiu o centro político no País : ignoram que a divisão entre Bolsonaro e os “vermelhos” ( expressão estúpida e simplista ) não é só uma quebra de protocolo, mas tem raízes históricas , cicatrizes e conflitos inconciliáveis.
O novo presidente representa a tortura, da qual foi vítima boa parte da oposição, o autoritarismo , 21 anos de Ditadura, a corrupção institucionalizada impossível de ser revelada pela censura à imprensa, impunidade para os carrascos , exploração máxima das classes populares, exclusão e miséria.
A “prosperidade” que promete evoca o tempo em que “a economia ía bem e o povo passava fome” do “milagre brasileiro”.
A ausência da oposição de esquerda na posse é tratada nos comentários como quebra das regras democráticas e uma ameaça â união nacional. Ilusão de falsos liberais e candura de jornalistas do imediato.
O que disse o capitão de gravata no Congresso e no púlpito da entrega da faixa presidencial não foi mera retórica de campanha nem uma contradição com o seu “espírito conciliador”. Foi a expressão do que ele simboliza, representa e encarna : o histórico autoritarismo brasileiro, que vem desde o positivismo estampado na bandeira como Ordem e Progresso.
Tosco, violento e hipocritamente referindo-se às Leis, à Constituição e à Democracia, o que exala é o cheiro de um Estado policialesco impondo à bala o ajuste fiscal do Paulo Guedes e seu experimento econômico ultra-liberal de capitalismo selvagem.
Há contradições nisso tudo, a começar pelo amigo do Queiroz falar em duro combate à corrupção. A política externa medieval que se delineia é outro paradoxo num mundo de interdependência.
O que não há é a conciliação nacional pedida pelos comentaristas políticos e econômicos , pois essa pretensa união é que não passa de ficção. A realidade subjacente é o peso das botas e metralhadoras, mesmo em sua versão soft.

Reinaldo Lobo

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