A partir de hoje, cada jovem estudante do ensino médio
brasileiro terá acesso a apenas um quinto do conhecimento a quem tem direito
garantido em lei; a partir de hoje esses jovens e suas escolas viverão a farsa
do ensino em tempo integral, que atenderá a menos de 4% da matrícula e com a
manutenção das condições precárias em que se encontram suas escolas. Os jovens
das escolas públicas, a partir de hoje, estarão em condições ainda mais
desiguais de conseguir uma vaga no ensino superior; e viverão também a farsa da
formação técnica e profissional, que se dará de forma aligeirada e dissociada
da formação científica básica. A partir de hoje, os professores e professoras
do ensino médio terão que dar aulas em ainda mais escolas, para completar a
carga horária devido ao parcelamento do currículo em cinco itinerários
formativos. Em contrapartida, a partir de hoje, assistiremos ao regozijo do
setor privado com a oferta de cursos técnicos, precários, mas bem remunerados.
E com a oferta de cursos a distância que vão substituir parte da formação
presencial. A partir de hoje veremos o vale-tudo na formação de professores com
a habilitação para docência por “notório saber”, e, com isso, cada vez mais o
enfraquecimento da carreira docente. Enterra-se, na data de hoje, qualquer
possibilidade de uma educação escolar pública para a juventude brasileira,
sobretudo para aquela mais empobrecida e periférica, que já sofre com o descaso
da sociedade e do Estado. Nada a comemorar, nesta data de 08 de fevereiro de
2017, em que o Senado Federal vota a Medida Provisória 746/PLV 34/16, a reforma
do ensino médio proposta pelo governo Temer, que desfere assim um duro golpe na
educação brasileira, golpe atestado pelo parecer do Procurador Geral da
República em ação direta de inconstitucionalidade, que sustenta que a medida
provisória não atende aos pressupostos de urgência e relevância, como exige a
Constituição Federal.
Monica Ribeiro
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