sábado, 19 de março de 2016

creio que existe um certo glamour em ser de esquerda, um romantismo goliardo que remonta a noites frias em alguma silenciosa estalagem da europa oriental, ou, quem sabe, a associação a um tropicalismo selvagem de charutão na boca e cabelos ao vento - evidentemente, ao som de um bolero. contudo, o tesão mesmo, deve estar na conspiração, claro, não há graça nenhuma em ser revolucionário sem conspirar e ser conspirado, isso sem falar, na possibilidade do exílio, já pensou, ser alçado à categoria de exilado, fazer obras proibidas, impublicáveis e geniais? o contato ontológico com a própria cultura, insulado numa terra estrangeira? mas, também há um certo glamour em ser de direita. grandes festas, viagens, mulheres, carrões, aquele élan dos filmes sobre a guerra fria - ao som de bizet ou puccini, tomando vinhos caros, porque de ferro só a cortina e a margaret thatcher. isso sem falar na espionagem e contraespionagem, claro, que graça há em ser de direita sem espionar e ser espionado? e quem sabe terminar numa embaixada em praga ou paris ou londres, com a sensação cosmopolita de ser de todo lugar e de lugar nenhum.

William Teca

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