domingo, 17 de janeiro de 2016


Existe este muro branco, acima do qual o céu se faz —
Infinito, verde, todo intocável.
Anjos nadam ali, a as estrelas, em indiferença também.
Eles são meu meio. O sol se esvai neste muro, sangrando suas luzes.
Um muro cinza agora, arranhado a sangrento.
Não há como escapar da mente?
Passos atrás de mim espiralam poço adentro.
Não há árvores nem aces neste mundo,
Só existe um azedume.
Este muro vermelho recua continuamente:
Um punho vermelho, abrindo a fechando,
Dois sacos de papel cinza —
É disco que eu sou feita, disco a de um terror
De rodar sob crazes a uma chuva de pietás.
Num muro negro, pássaros inidentificáveis
Giram suas cabeças a gritam.
Não se fala de imortalidade entre eles!
Frios brancos nos alcançam:
Movem-se com pressa.

(XXI POEMAS, Sylvia Plath, tradução de
Ronald Polito e Deisa Chamahum Chaves,

Ed. Livre, Mariana/MG, Brasil, 1994.)

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