quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Deus (ou minha consciência)


Deus (ou minha consciência) que me livre de um dia me julgar acima da crítica dos amigos. De achar que sou perfeito e que sempre estarei certo. Se isso acontecer terei sido vencido pelo maior de todos os meus inimigos - meu ego. Estarei cercado por oportunistas. Viverei uma vida inautêntica, de bajulações, chantagens, de vitórias sem mérito.   

A literatura hoje não passa de um hobbie meio arcaico: inútil, irrelevante, inofensivo. Como aeromodelismo, filatelia, bonsai... O que buscamos queimando as pestanas em tantos e tantos livros? Uma epifania, o santo graal, o paraíso perdido? Não sei. Eu pensei que era tudo (a revelação da máquina do mundo), hoje desconfio que é nada. Mas é um nada com cara de tudo. Há na saudade dessa aura algo da aura perdida, um vislumbre dos reflexos da idade do ouro... Não importa se é ou não irrelevante. De repente a única coisa importante na vida é a irrelevância. Pronto, confesso: sou irrelevante. E me regozijo nisso.

Will Coutinho Hamon

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