quinta-feira, 12 de novembro de 2015

14 provérbios alemães


Morgenstund hat Gold im Mund
Os alemães e suas rimas, desta vez para dar uma má notícia aos dorminhocos: "A manhã tem ouro na boca". Trata-se de um ditado latino, também difundido na variante "Aurora musis amica" – A aurora é a amiga das musas. De forma menos poética, "Deus ajuda quem cedo madruga" igualmente encoraja a diligência matinal. Ou, menos apetitoso: "O pássaro madrugador é que pega a minhoca".
Wie man in den Wald hineinruft, so schallt es heraus
"Como se grita na floresta, assim virá o eco" seria a tradução quase literal desse ditado. Ou seja: o que se coloca no mundo retorna da mesma forma, para o bem ou para o mal. Se o input for negativo, portanto, é bom ter em mente que "Quem semeia vento, colhe tempestade".
Der Apfel fällt nicht weit vom Stamm
Semelhante a "Filho de peixe, peixinho é", "A maçã não cai longe do tronco" é outro desses provérbios que convidam a um uso ambivalente ou irônico. A ideia é que qualidades – boas ou más – são herdadas das gerações anteriores. Portanto, atenção: se for dito como elogio, ótimo. Se for insulto, é extensivo ao pai, à mãe e a sabe-se lá quantas gerações.
Gelegenheit macht Diebe
"A ocasião faz o ladrão" – também na Alemanha. Senão, e o escândalo da Volks? E o da DFB? Outra versão dessa noção é a famigerada "lei de Gérson" (o jogador): "O importante é levar vantagem". O provérbio resume uma tendência humana tão lamentável como incorrigível, por isso nunca perde a atualidade. E, como "Ladrão que rouba ladrão tem cem anos de perdão", a enxurrada de escândalos nunca terá fim.
Aller guten Dinge sind drei
Na vida e nas máquinas caça-níqueis, "Todas as coisas boas vêm em três". A atração desse número em praticamente todas as civilizações dispensa comentários: Três Parcas, Santíssima Trindade, as Três Joias do budismo. Na China antiga, vencia em votação não a opinião da maioria, mas a que alcançasse três votos exatos – o número da perfeição. Uma exceção: "Um é pouco, dois é bom, três é demais".
Jeder ist sein Glückes Schmied
"Cada um é o forjador da própria sorte" é um estímulo à autodeterminação que lembra a noção do "self-made man" americano. O provérbio é uma variação de "Quisque faber suae fortunae", registrado pelo cônsul romano Ápio Cláudio Cego, por volta do ano 300 a.C.. Numa ironia histórica, o biógrafo Lívio atribuiu a cegueira de Ápio a uma praga – rogada por outra pessoa, naturalmente.
Auch ein blindes Huhn findet mal ein Korn
Datado de, no mínimo, 400 anos atrás, o dito "Até uma galinha cega acaba achando um grão de milho" tem sentido ambivalente – e também é empregado dessa forma. Pode significar que até o ser mais incapaz pode obter um sucesso – por sorte ou por pura teimosia, porém sem mérito real. Ou ser entendido como um incentivo aos menos capacitados, para que não percam a esperança e continuem persistindo.
Lügen haben kurze Beine
A advertência de que "A mentira tem pernas curtas" e, portanto, nunca vai muito longe, parece ser quase universal. Uma variante africana reza: "Você pode comer uma vez com uma mentira, mas não duas". Também sábia é a inversão de perspectiva contida no dito popular inglês "Engana-me uma vez, vergonha para ti; engana-me duas, vergonha para mim".
Einem geschenkten Gaul schaut man nicht ins Maul
Precisamente "A cavalo dado não se olha os dentes", só que rimando e com "boca" no lugar de "dentes". Obviamente data de um tempo em que cavalos eram considerados uma excelente prenda, e era má educação dar uma de dentista na presença do presenteador. Pois o exame revelaria a idade e condição da montaria – e, portanto, seu preço. Algo como, hoje, ir direto conferir no Google o valor do presente.
Scherben bringen Glück
"Cacos trazem felicidade" lembra a tradição judaica de quebrar copos de vidro no matrimônio, para simbolizar a destruição do Templo de Jerusalém e desejar boa sorte ao casal. Na Alemanha, um costume ligeiramente diferente é mantido até hoje: na "Polterabend", a noite anterior ao casório, quebra-se tudo o que seja de louça: pratos, xícaras, travessas – até mesmo um sanitário ou outro.
Kleider machen Leute
Assim como "O hábito faz o monge", trata-se de uma variante do velho ditado latino "Vestis virus reddit" (As roupas fazem o homem). Até hoje, a ideia é martelada em outdoors e revistas de moda para justificar a importância – e o preço – da aparência exterior. Uma variação genial é atribuída ao espirituoso autor americano Mark Twain: "Gente nua tem pouca ou nenhuma influência na sociedade".
Viele Köche verderben den Brei
"Cozinheiros demais estragam o mingau" é a tradução literal deste provérbio. A ideia é que, quando há gente demais dando opiniões ou ordens, e ninguém para concentrar e filtrar os esforços, o resultado é um fiasco. Enfim, uma apologia do trabalho organizado e da hierarquia, como no brasileiro "Muito cacique para pouco índio".
Wer im Glashaus sitzt, soll nicht mit Steinen werfen
Consta que "Quem tem telhado de vidro não atira pedras no do vizinho" tem origem na Alemanha, embora não se saibam mais detalhes. O ditado evoca a frase bíblica "Aquele que não tiver pecado que atire a primeira pedra", pois sugere que, da mesma forma como, no fundo, ninguém é sem pecado, de uma maneira ou de outra todos vivemos em casas com telhado de vidro.
Ein gutes Gewissen ist ein sanftes Ruhekissen
"Uma consciência livre é um travesseiro macio" concorre entre os ditos populares mais simpáticos da Alemanha. Não faça o mal, ele sugere, e você dormirá em paz. Palavras realmente sábias – embora sejam um fraco consolo para quem sofre de insônia crônica.
Fonte : Deutsche Welle


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