segunda-feira, 14 de setembro de 2015

O mês de setembro de 2015

O mês de setembro de 2015 será decisivo para os rumos da política do nosso país. Como vimos nos editoriais dos grandes veículos de comunicação nesse final de semana, uma parte poderosa do setor empresarial já deu "gardez le dame" na presidente Dilma e não há mais margem para negociar meios termos com esse grupo. Ao que tudo indica, há uma radicalização das estratégias e agora o governo terá que decidir entre dois caminhos opostos: o de aprofundar o ajuste fiscal orientado pelo Levy, reduzindo drasticamente os gastos sociais, flexibilizar direitos trabalhistas e previdenciários, entregar o pré-sal e gerar receita através da venda de ativos do Estado, para aumentar o superávit ("reduzir o risco Brasil"); ou o de apostar em uma nova governabilidade para adotar um programa de reformas estruturais, dando um "cavalo de pau" nos rumos da política econômica que tem seguido até então nesse segundo mandato.
Cada escolha tem suas conseqüências. Está claro que, caso a Dilma se recuse a adotar o caminho do aprofundamento do ajuste, e busque uma alternativa minimamente desenvolvimentista, haverá um tsunami de notícias do caos institucional e veremos uma aprofundamento da estratégia do impeachment, como não vimos até então. Diante a este quadro, o governo teria força hoje para impor uma nova agenda política para o Brasil?
Ao mesmo tempo, aumentar a intensidade nas medidas de ajuste custará alto para os trabalhadores e aos pequenos empresários, mesmo que os bancos e suas agências de risco respondam com certo entusiasmo. Todavia, a cada passo da Dilma para assegurar o equilíbrio no terreno da política, através da adoção do programa Levy, vemos um novo ciclo de ações para enquadrar o seu governo, mostrando que tratar-se sempre de uma falsa pacificação com os setores que a sangram.
As novas medidas de ajuste que se desenham, se adotadas, certamente irão fragilizar o governo junto à sua base social, o que o tornará ainda mais suscetível às pressões da turma do ajuste. E quando a Dilma estiver em frangalhos, sem força sequer para governar com a política da oposição, daí tira-la, pela via da destituição ou eleitoral, será uma tarefa menos trabalhosa.
Entre a cruz e a espada, me parece que resta à Dilma, diante às imposições deste setor do empresariado que deseja o ajuste, adotar o caminho da soberania e tomar as medidas enérgicas necessárias para estimular o consumo popular, fortalecer o mercado interno, aumentar a massa salarial dos trabalhadores, estacar a desindustrialização e as demissões, fortalecer as empresas públicas, reduzir os juros, estabelecer um rígido controle do fluxo de capitais, tributar as grandes fortunas e acabar com os privilégios do sistema financeiro.


André Castelo Branco Machado

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