O mês de setembro de 2015 será decisivo para os rumos da
política do nosso país. Como vimos nos editoriais dos grandes veículos de
comunicação nesse final de semana, uma parte poderosa do setor empresarial já
deu "gardez le dame" na presidente Dilma e não há mais margem para
negociar meios termos com esse grupo. Ao que tudo indica, há uma radicalização
das estratégias e agora o governo terá que decidir entre dois caminhos opostos:
o de aprofundar o ajuste fiscal orientado pelo Levy, reduzindo drasticamente os
gastos sociais, flexibilizar direitos trabalhistas e previdenciários, entregar
o pré-sal e gerar receita através da venda de ativos do Estado, para aumentar o
superávit ("reduzir o risco Brasil"); ou o de apostar em uma nova
governabilidade para adotar um programa de reformas estruturais, dando um
"cavalo de pau" nos rumos da política econômica que tem seguido até
então nesse segundo mandato.
Cada escolha tem suas conseqüências. Está claro que, caso a
Dilma se recuse a adotar o caminho do aprofundamento do ajuste, e busque uma
alternativa minimamente desenvolvimentista, haverá um tsunami de notícias do
caos institucional e veremos uma aprofundamento da estratégia do impeachment,
como não vimos até então. Diante a este quadro, o governo teria força hoje para
impor uma nova agenda política para o Brasil?
Ao mesmo tempo, aumentar a intensidade nas medidas de ajuste
custará alto para os trabalhadores e aos pequenos empresários, mesmo que os
bancos e suas agências de risco respondam com certo entusiasmo. Todavia, a cada
passo da Dilma para assegurar o equilíbrio no terreno da política, através da
adoção do programa Levy, vemos um novo ciclo de ações para enquadrar o seu
governo, mostrando que tratar-se sempre de uma falsa pacificação com os setores
que a sangram.
As novas medidas de ajuste que se desenham, se adotadas,
certamente irão fragilizar o governo junto à sua base social, o que o tornará
ainda mais suscetível às pressões da turma do ajuste. E quando a Dilma estiver
em frangalhos, sem força sequer para governar com a política da oposição, daí
tira-la, pela via da destituição ou eleitoral, será uma tarefa menos
trabalhosa.
Entre a cruz e a espada, me parece que resta à Dilma, diante
às imposições deste setor do empresariado que deseja o ajuste, adotar o caminho
da soberania e tomar as medidas enérgicas necessárias para estimular o consumo
popular, fortalecer o mercado interno, aumentar a massa salarial dos
trabalhadores, estacar a desindustrialização e as demissões, fortalecer as
empresas públicas, reduzir os juros, estabelecer um rígido controle do fluxo de
capitais, tributar as grandes fortunas e acabar com os privilégios do sistema
financeiro.
André Castelo Branco Machado
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